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SANTA MISSA TRIDENTINA
A Missa Tridentina é o rito da Santa Missa definido pelo Papa São Pio V, em 1570, na Bula Quo Primum Tempore (PDF). Também chamada de Missa Tradicional, Missa de Sempre e Missa de São Pio V, não trata-se de um invento, nem de uma reforma. A Missa Tridentina é uma codificação, uma restituição, uma unificação da Missa Romana, sempre celebrada na Santa Igreja Católica, desde o tempos dos Apóstolos.
A MISSA TRADICIONAL
Artigo de Michel Boniface, Pbro.
O culto devido a Deus
O primeiro dever do homem é adorar a
Deus, prestar-lhe o culto de adoração, de louvor, de ação de graças que
Lhe é devido. Dar culto de adoração a Deus significa reconhecer a Deus
como nosso Criador e Senhor. Ele nos criou, d´Ele dependemos. Damos-Lhe
também graças por todos os benefícios que recebemos d´Ele. Pedimos-Lhe
perdão por nossas faltas e pecados e, finalmente, pedimos-Lhe também o
que necessitamos para a nossa vida e salvação eterna. Em concreto, estes
são os quatro fins da Santa Missa.
Este culto não é somente pessoal,
individual, mas é sobretudo um culto público, ordenado e prescrito pela
Igreja, sob a moção do Espírito Santo.
Deste culto oficial se ocupa a Liturgia. A palavra Liturgia vem do grego leiton ergon
que significa obra ou ministério público. “A Liturgia é, portanto, o
culto público e oficial que a Igreja presta a Deus e ao mesmo tempo
santifica os fiéis”[1].
O padre Gregório Martínez de Antoñana
escreve: “A Liturgia, em sentido geral e objetivo, é o mesmo que o culto
público da Igreja, e pode definir-se: o conjunto de ações, de fórmulas e
de coisas com que, segundo as disposições da Igreja Católica, se dá
culto público a Deus”[2].
Como a Igreja é o Corpo Místico de Nosso
Senhor Jesus Cristo, que por meio dela continua a sua função sacerdotal
através dos séculos, num sentido mais teológico e completo pode
definir-se a Liturgia com o Papa Pio XII: “é todo o culto público do
Corpo Místico de Jesus Cristo, ou seja, da Cabeça e dos seus membros”.
E mais brevemente: “A Liturgia é o
exercício do sacerdócio de Jesus Cristo pela Igreja”[3]. A Liturgia é a
teologia feita oração.
Pertencem a Liturgia: o Santo Sacrifício
da Missa, que é a sua alma e o seu centro; o ofício divino, que gira e
se desenrola em torno da Missa. O ofício divino chama-se também
Breviário, livro que contém as orações oficiais da Igreja que cada
sub-diácono, diácono, sacerdote, bispo e Papa fazem oito vezes por dia
para a Igreja e todos os seus Filhos.
Pertencem também à Liturgia os
Sacramentos, Sacramentais (bênçãos); e todos os ritos e cerimônias,
símbolos e vestidura, vasos e lugares sagrados bem como os cantos e
melodias que a Igreja usa para concretizar este culto público e solene.
A Liturgia constitui a vida mesma da
Igreja, do Corpo Místico de Cristo. Por isso, tem um poder para a
santificação das almas verdadeiramente admirável. Por meio da Liturgia
católica, ascendem ao céu a adoração, a ação de graças, os pedidos de
perdão e de ajuda dos fiéis e, por meio desta mesma Liturgia, descem
sobre os homens a misericórdia, ajuda, proteção de Deus sobre os fiéis
católicos e sua Santa Madre, a Igreja.
A liturgia constitui o meio mais poderoso
que tem a Igreja para converter as almas, santificá-las e protegê-las. A
Liturgia é o meio mais poderoso para comunicar a fé católica no
Sacrifício de Cristo renovado sobre o altar com a mesma eficácia. Por
esta razão, desde os primeiros séculos se diz: Lex orandi, Lex credendi.
A lei da oração, a maneira de rezar, nos diz a lei da crença, quer
dizer, a maneira de rezar, de prestar culto a Deus, demonstra o que
cremos.
Durante séculos, a fé católica foi
comunicada por meio da Liturgia, na qual estão concentradas todas as
verdades do Credo católico. Na história da Igreja existem os
construtores e os destruidores da Liturgia. Alterar, modificar a
Liturgia da Missa, por exemplo, pode ter conseqüências incalculáveis
sobre a fé do povo e dos sacerdotes: essa alteração pode destruir sua
fé, corromper sua moral e precipitá-los na decadência e apostasia. Os
povos protestantes nos dão o exemplo. Tendo mudado a sua Liturgia,
mudaram a sua fé e fizeram-se hereges e atualmente ateus em muitos
lugares. No século XVI, na Inglaterra, o sacerdote herege Thomas Cranmer
mudou a Liturgia da Missa do latim para o inglês; uns anos depois, a
Inglaterra perdeu a fé católica e impediu a cristianização do mundo
opondo-se às nações católicas missionárias como Espanha e Portugal.
Origem, desenvolvimento e definição da Missa Católica Tradicional
A Missa Católica chamada Missa
Tradicional, Missa Tridentina ou Missa de São Pio V está composta por
duas partes, a saber, a parte essencial, que são os elementos
instituídos por Nosso Senhor Jesus Cristo e as palavras e cerimônias que
estão à sua volta.
Os elementos essenciais da Santa Missa, que foram instituídos por Cristo mesmo na Última Ceia, são:
1) A matéria: pão e vinho;
2) A forma, ou seja, as palavras: “Este é o Meu Corpo” e “Este é o Cálice do Meu Sangue…”;
3) Um sacerdote validamente ordenado que,
4) tenha a intenção de fazer o que a Igreja faz na confecção deste Sacramento.
As palavras e cerimônias que envolvem
estes elementos essenciais foram-se desenvolvendo e adquirindo forma
através dos anos até alcançar a forma que chegou aos nossos dias. A
seguir, faremos uma muito breve resenha do desenrolar destas palavras e
cerimônias.
Durante os séculos I e II, essas palavras
de Cristo estiveram rodeadas por uma liturgia inicial que, pouco a
pouco, foi desenrolando-se e germinando no Oriente e Ocidente do império
romano. Todas as partes da Missa apareceram já no século III e foi no
século IV que o rito romano ficou plenamente conformado e, mais
concretamente, durante o pontificado do Papa São Dâmaso (366-384).
Diremos que até São Gregório Magno (590-604) não existia um Missal Oficial com o Próprio das missas do ano. O líber Sacramentorum foi redigido, por encargo de São Gregório no princípio de seu pontificado, para serviço e uso das Stationes
que tinham lugar em Roma, quer dizer, para a liturgia pontifical.
Pode-se dizer que este Missal contém agora quase a mesma Missa
Tradicional tal como chegou a nossos dias, posto que as modificações ou
adições que São Pio V (1566-1572) efetuou ao codificar o seu Missal
Romano foram muito pequenas.
Portanto, podemos assegurar que a Missa
que atualmente se diz de São Pio V, ou Missa Tradicional, não é outra
senão o rito romano tal qual o encontramos, em suas partes mais
importantes, no século IV, tendo sido posteriormente imprimido, pela
primeira vez, num Missal por São Gregório Magno.
O Cânon da Missa, aparte alguns
retoques efetuados por São Gregório Magno, alcança com São Gelásio I
(492-496), a forma que tem conservado até hoje. Os Romanos Pontífices
não deixaram de insistir desde o século V sobre a importância de adotar o
Cânon Missae Romanae, dado que este remonta a nada menos do que ao mesmo Apóstolo Pedro.
Mas no que respeita às outras partes do Ordo,
como pelo Próprio das missas, respeitaram o uso das igrejas locais.
Assim, São Pio V codifica a Missa Romana na sua forma mais pura segundo a
indicação do Concílio de Trento (1545-1563).
“O sacrifício cumpra-se segundo o mesmo
rito para todos e por todos, de forma que a Igreja de Deus não tenha
mais do que uma mesma língua… que os missais sejam restaurados segundo o
uso e costumes antigos da Missa Romana”. O Missal assim restaurado foi
promulgado no dia 19 de Julho de 1570 pela Bula Quo Primum Tempore,
dando a conhecer duma forma particularmente solene. A bula precisa duma
forma muito clara que não se trata de um novo rito, mas de um missal
revisto e corrigido”.
No Catecismo Maior de São Pio X,
encontramos a seguinte definição do que é a Santa Missa: “A Santa Missa é
o Sacrifício do Corpo e Sangue de Jesus Cristo, que se oferece sobre os
nossos altares sob as espécies do pão e do vinho em memória do
sacrifício da Cruz” (no. 655), “é substancialmente o mesmo que o da
Cruz…” (no. 656), “na Cruz, Jesus Cristo se ofereceu derramando o seu
sangue e merecendo por nós, enquanto que nos nossos altares Ele mesmo se
sacrifica sem derramar sangue e nos aplica os frutos da sua paixão e
morte (no. 657).
O Concílio de Trento declara que a Missa é
um Sacrifício verdadeiramente oferecido pelo sacerdote oficiante, pela
virtude do seu sacerdócio, in persona Christi, quer dizer, no lugar de Cristo, que é simultaneamente o Sacerdote e a Vítima, sendo a Missa o mesmo Sacrifício da Cruz.
Na Cruz, o Sacerdote que oferece o
Sacrifício é Nosso Senhor Jesus Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote; a
Vítima oferecida é também Nosso Senhor e o Padre Eterno é a quem este
Sacrifício é oferecido. No santo Sacrifício da Missa, o sacerdote que
oferece o Sacrifício é Nosso Senhor mesmo, agora que o celebrante atua in persona Christi.
A Vítima do Sacrifício é Nosso Senhor Jesus Cristo, real e
substancialmente presenteem Seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade, sob as
aparências do pão e do vinho. E, finalmente, O que recebe o Sacrifício é
Deus Pai.
Desta maneira, vemos que os elementos
essenciais do sacrifício (Sacerdote, Vítima e Recipiente), são
exatamente os mesmos na Cruz e na Missa.
A Missa, de fato, é o mesmo Sacrifício da
Cruz, com a diferença de que não é cruento. Tal sacrifício tem quatro
finalidades: 1) Sacrifício de adoração; 2) Sacrifício eucarístico (quer
dizer, de ação de graças); 3) Sacrifício propiciatório (para dar-Lhe
alguma satisfação por nossos pecados e oferecer-Lhe sufrágios para as
almas do purgatório); 4) Sacrifício de petição destinado a apresentar
uma súplica.
Concluímos que ao assistir à Santa Missa
Tradicional com as disposições necessárias, nos fazemos participantes
dos méritos que Nosso Senhor obteve para nós no Santo Sacrifício da
Cruz.
[1] J. G. Treviño, Lecciones practicadas de Liturgia, México D.F. sin fecha, pág. 5.
[2] Gregorio Martínez de Antoñana, Manual de Sagrada Liturgia, Madrid, ed Coculsa, 1957 pág. 1 no 1.
[3] Papa Pío XII, Encíclica Mediator Dei.
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O PODER DA SANTA MISSA
Uma série de artigos e documentos sobre a Santa Missa para estudo e pesquisa: AQUI.Para acompanhar a Missa:
Ordinário tamanho Grande, em PDF (349 KB)Ordinário tamanho Médio, em PDF (335 KB)
Ordinário versão de Bolso (para impressão), em PDF (317 KB)
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