Oitava Fineza de Jesus Sacramentado para com os homens.
Jesus Se deixou Sacramentado para toda sorte de pessoas.
Não pode um entendimento limitado conhecer bem aonde chega esta fineza do amor de Jesus Sacramentado sem dar uma olhada no que acontece nas Cortes dos Príncipes e Grandes do mundo. Nelas encontrareis guardas, que por todas as portas defendem a entrada a seus Palácios. Nem a todos se permite chegar aos primeiros Salões, a poucos a suas Câmaras, aos raros ao Quarto onde está o próprio Monarca. Mas que direi de seus Banquetes? Que autorizadas e escolhidas as pessoas que admitem a suas mesas. Há desses Príncipes no mundo, que fazem razão de estado não comer jamais nem com a própria Consorte.
Agora, percorrei com os olhos a Corte do Divino Rei Sacramentado, e vereis como, sem acepção de pessoas, têm todas suas entradas livres em Seu Palácio, e se sentam à Sua mesa o ilustre e o humilde, o senhor e o escravo, o grande e o pequeno, o rico e o pobre, e amigo e o inimigo, o justo e o injusto. Disso se maravilha São João Crisóstomo, vendo que nem os traidores são excluídos da Real mesa de Jesus Sacramentado, e que até aqueles que O vendem pelo vil interesse de um apetite levam com Ele a mão ao prato. Por isso disse Santo Ambrósio que não recusava o Redentor ir ao banquete de homens perdidos e pecadores, porque os havia de chamar depois à Sua mesa. Determinava Jesus fazer de Sua carne um banquete universal para todos, e assim quis primeiro comer com todos, para que depois todos comessem com Ele.
Na mesa do Senado Romano sentou-se uma vez um homem coberto de luto, contra o estilo que tinha o Senado, e, levantando-se, todos exclamaram: Quis unquam cœnavit attratus? Quem se atreveu jamais a vir a este jantar vestido de negro? Ó liberalidade! Ó amor infinito de Jesus! E quantos se sentam à Vossa mesa envoltos nas obscuras trevas da culpa, e com as almas mais negras que as próprias trevas, e ainda assim permitis, ó benigno Amante, comer Vossa Carne, e lhes dais a beber Vosso Sangue. Assim é: a todos vê, e a todos admite em Sua mesa o Rei da Glória; porque Este Sacramento é o sol que Seu Profeta disse que Ele faz nascer sobre bons e maus.
Para que todos cheguem a comer Sua Carne, disfarçou naquela mesa a Majestade. Oculto no véu de pobres acidentes dá a comer por pão o que verdadeiramente é Deus. Se n'Este Augustíssimo Sacramente vestisse Seu Corpo daquelas luzes com que Se deixou ver no Tabor, poderiam temer os pobres. Se ali aparecesse armado daquele puder que pôs em Suas mãos o Eterno Padre, poderiam fugir os culpados. Mas agora já não faz ostensão daqueles títulos que o Evangelista lia impressos em Seu Corpo: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Já não atemoriza com aqueles prodígios, por temor dos quais Pedro Lhe pedia que se afastasse dele. Acomoda-Se à condição de todos. Aos reis dá como a reis, aos pobres, como a pobres; para os famintos é comida, para os sedentos, fonte. Mas, ó Almas Católicas! Se ainda lhes resta alguma dúvida do muito que vosso Redentor Se humilhou e abateu Sua Majestade por vosso amor n'Este Sacramento, lede com atenção as finezas seguintes; porém preveni as lágrimas, que de certo correrão de vossos olhos ao considerar aonde chegaram os excessos do amor de Jesus Sacramentado...
Agora, percorrei com os olhos a Corte do Divino Rei Sacramentado, e vereis como, sem acepção de pessoas, têm todas suas entradas livres em Seu Palácio, e se sentam à Sua mesa o ilustre e o humilde, o senhor e o escravo, o grande e o pequeno, o rico e o pobre, e amigo e o inimigo, o justo e o injusto. Disso se maravilha São João Crisóstomo, vendo que nem os traidores são excluídos da Real mesa de Jesus Sacramentado, e que até aqueles que O vendem pelo vil interesse de um apetite levam com Ele a mão ao prato. Por isso disse Santo Ambrósio que não recusava o Redentor ir ao banquete de homens perdidos e pecadores, porque os havia de chamar depois à Sua mesa. Determinava Jesus fazer de Sua carne um banquete universal para todos, e assim quis primeiro comer com todos, para que depois todos comessem com Ele.
Na mesa do Senado Romano sentou-se uma vez um homem coberto de luto, contra o estilo que tinha o Senado, e, levantando-se, todos exclamaram: Quis unquam cœnavit attratus? Quem se atreveu jamais a vir a este jantar vestido de negro? Ó liberalidade! Ó amor infinito de Jesus! E quantos se sentam à Vossa mesa envoltos nas obscuras trevas da culpa, e com as almas mais negras que as próprias trevas, e ainda assim permitis, ó benigno Amante, comer Vossa Carne, e lhes dais a beber Vosso Sangue. Assim é: a todos vê, e a todos admite em Sua mesa o Rei da Glória; porque Este Sacramento é o sol que Seu Profeta disse que Ele faz nascer sobre bons e maus.
Para que todos cheguem a comer Sua Carne, disfarçou naquela mesa a Majestade. Oculto no véu de pobres acidentes dá a comer por pão o que verdadeiramente é Deus. Se n'Este Augustíssimo Sacramente vestisse Seu Corpo daquelas luzes com que Se deixou ver no Tabor, poderiam temer os pobres. Se ali aparecesse armado daquele puder que pôs em Suas mãos o Eterno Padre, poderiam fugir os culpados. Mas agora já não faz ostensão daqueles títulos que o Evangelista lia impressos em Seu Corpo: Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. Já não atemoriza com aqueles prodígios, por temor dos quais Pedro Lhe pedia que se afastasse dele. Acomoda-Se à condição de todos. Aos reis dá como a reis, aos pobres, como a pobres; para os famintos é comida, para os sedentos, fonte. Mas, ó Almas Católicas! Se ainda lhes resta alguma dúvida do muito que vosso Redentor Se humilhou e abateu Sua Majestade por vosso amor n'Este Sacramento, lede com atenção as finezas seguintes; porém preveni as lágrimas, que de certo correrão de vossos olhos ao considerar aonde chegaram os excessos do amor de Jesus Sacramentado...
(Finezas de Jesus Sacramentado para con los hombres, e ingratitudes de los hombres para con Jesus Sacramentado. Escrito en Toscano, y Portugués por el P. F. Juan Joseph de S. Teresa Carmelita Descalzo. y traducido en castellano por D. Iñigo Rosende presbitero. Con licencia. Barcelona: En la Imprenta de los Herederos de Maria Angela Marti, Plaza de S. Jayme, año 1775.)
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