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"Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Amém."

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segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Stabat Mater Speciósa

Stabat Mater ("Estava a Mãe", em latim) é uma sequentia católica do século XIII, atribuída ao franciscano Jacopone da Todi (c. 1230-1306); ou ao Papa Inocêncio IIIDois hinos do mesmo autor levam este título: o mais conhecido é o Stabat Mater Dolorosa, que narra as dores de Maria diante da morte do amado Filho. O outro é o Stabat Mater Speciósa, que narra as alegrias da Virgem Maria com o Nascimento de Jesus. A expressão Stabat Mater é mais utilizada para o primeiro caso

O Stabat Mater Dolorosa pode ser lido aqui. Neste post, trataremos do 


Stabat Mater Speciósa




O hino mais alegre, Stabat Mater Speciósa, ou Stabat do Berço, apareceu pela primeira vez em 1495, em uma edição dos poemas de Jacopone da Todi(*) que continha os dois hinos. A sequência Speciósa permaneceu esquecida até reaparecer em 1852, transcrita por Antoine Frédéric Ozanam(**) (cf. "Poètes Franciscains en Italie au Treizième siècle", Paris, 1859, vol. 5, pp. 169-170) de um manuscrito da Biblioteca Nacional de Paris (n. 7.785, fl. 109 v.), sendo, desde então, tida como um dos mais doces hinos em honra à Virgem Maria, e um dos sete grandes hinos latinos. Deu origem a várias canções natalinas.   



Stabat Mater speciosa
Iuxta faenum gaudiosa,
Dum iacebat parvulus.

Cuius animam gaudentem
Laetabundam et ferventem
Pertransivit iubilus.

O quam laeta et beata
Fuit illa immaculata,
Mater Unigeniti!

Quae gaudebat et ridebat,
Exultabat, cum videbat
Nati partum inclyti.

Quisquam est, qui non gauderet,
Christi matrem si videret
In tanto solatio?

Quis non posset collaetari,
Christi Matrem contemplari
Ludentem cum Filio?

Pro peccatis suae gentis
Christum vidit cum iumentis
Et algori subditum.

Vidit suum dulcem Natum
Vagientem, adoratum,
Vili deversorio.

Nato, Christo in praesepe
Caeli cives canunt laete
Cum immenso gaudio.

Stabat, senex cum puella
Non cum verbo nec loquela
Stupescentes cordibus.

Eia, Mater, fons amoris
Me sentire vim ardoris
Fac, ut tecum sentiam.

Fac, ut ardeat cor meum
In amatum Christum Deum
Ut sibi complaceam.

Sancta Mater, istud agas,
Prone introducas plagas
Cordi fixas valide.

Tui Nati caelo lapsi,
Iam dignati faeno nasci,
Poenas mecum divide.

Fac me vere congaudere,
Iesulino cohaerere,
Donec ego vixero.

In me sistat ardor tui, 
Puerino fac me frui 
Dum sum in exilio. 

Hunc adorem fac communem,
Ne me facies immunem,
Ab hoc desiderio.

Virgo virginum praeclara,
Mihi iam non sis amara,
Fac me parvum rapere.

Fac, ut portem pulchrum fortem,
Qui nascendo vicit mortem,
Volens vitam tradere.

Fac me tecum satiari,
Nato me inebriari,
Stantem in tripudio.

Inflammatus et accensus,
Obstupescit omnis sensus
Tali me commercio.

Fac, me Nato custodiri,
Verbo Dei praemuniri
Conservari gratia.

Quando corpus morietur,
Fac, ut animae donetur
Tui nati gloria. Amen.


Do manuscrito da Biblioteca Nacional de Paris, constam mais duas estrofes: 


Omnes stabulum amantes
Et pastores vigilantes
Pernoctantes sociant.

Per virtutem nati tui
Ora ut electi sui
Ad patriam veniant. Amen.  



Versão em Português


Estava a Mãe bela
Junto à manjedoura, alegre,
Onde jazia o Menino. 

Cuja alma alegre, 
Feliz e fervorosa
Estava travessada de júbilo. 

Ó, quão alegre e feliz
Estava aquela Imaculada
Mãe do Unigênito! 

Que se alegrava e sorria,
Se regozijava, ao ver
O ínclito nascimento de Seu Filho.

Quem é que não se alegraria
Ao ver à Mãe de Cristo
Em tanta consolação?

Quem não se congratularia,  
Contemplando a Mãe de Cristo
Brincando com o Filho?

Pelos pecados do seu povo
Viu a Cristo junto a um asno
E exposto ao frio.

Viu a seu doce Filho
Recém-nascido, adorado, 
Em um vil estábulo.

Nascido Cristo em uma manjedoura,
Os Espíritos celestiais cantavam
Com imensa alegria.

Estava o ancião com a jovem esposa,
Sem falar, e sem palavras
Assombrado o seu coração.

Eia, Mãe, fonte de amor,
Sinto um forte ardor, 
Fazei que o sinta convosco.

Fazei que o meu coração arda
No amor a Cristo Deus
Para a Ele agradar.

Santa Mãe, fazei isto,
Que vossos sofrimentos
Se fixem profundamente em meu coração.

Vosso Filho descido do Céu,
Se dignou nascer na manjedoura,
Que suas penas divida comigo. 

Fazei-me, com verdadeira alegria,
Ao Menino Jesus estar unido, 
Enquanto eu viver. 

Que em mim esteja o vosso ardor,
O Menininho fazei-me gozar
Enquanto vivo no exílio.

Fazei (que seja) comum que o adorem, 
Não me fazei imune, 
A este desejo. 

Preclara Virgem das Virgens
A mim já não sois amarga 
Deixai-me abraçar o Menino. 

Fazei que eu tenha a Sua fortaleza,
Que nascendo venceu a morte,
Querendo dar a Sua vida. 

Fazei que me enche de Vós,
Que me inebrie com o Nascido, 
Ante este feliz auspício.

Inflamado e ardente
Os sentidos desfalecem
Ante tal espetáculo. 

Fazei que o Nascido me guarde, 
Que o Cristo, o Verbo, me proteja,
E seja eu conservado pela Graça.

Quando meu corpo morrer,
Fazei que minha alma se regale
Com a visão gloriosa do vosso Filho.

Do manuscrito da Biblioteca Nacional de Paris, constam mais duas estrofes: 

Todos os amantes do estábulo 
E os pastores vigilantes 
Pernoitaram juntos.

Por virtude, nasceu Vosso
Rogai que os eleitos seus
Para a pátria voltem. Amém.

Hino



Notas(*) Jacopo de Benedictis, conhecido como Beato Jacopone da Todi (cerca de 1236-1306) foi um poeta franciscano italiano, de família nobre. Considerado um dos mais importantes poetas italianos da Idade Média, certamente entre os mais famosos autores de laudes religiosas. Dele, temos, além do "Laude" (dos quais cerca de 90 de atribuição certa e muitos outros incertos), uma carta para Giovanni della Verna, o famoso Pianto della Madonna e o Stabat Mater
(**) Ozanam (1813-1853) foi um intelectual e ativista conservador católico italiano, de família judia francesa, fundador, junto com outros 6 jovens, da Sociedade de São Vicente de Paulo (inicialmente conhecida por Conferência da Caridade), em 1833. Em 1831, publicou um panfleto contra as ideias simonistas defendidas por Claude Henri de Rouvroy, conde de Saint-Simon. No ano seguinte partiu para Paris para estudar Direito, tendo aí gozado do apoio da família de André-Marie Ampère, e, através dela, travado conhecimento com François-René de Chateaubriand, Jean-Baptiste Henri Lacordaire, Charles Forbes René de Montalembert e outros intelectuais ligados ao neo-Catolicismo francês. Ozanam foi um dos principais intelectuais do movimento neo-católico em França durante a primeira metade do século XIX, distinguindo-se como um crítico literário e historiógrafo de referência. Era mais culto, mais genuíno e mais lógico nas suas asserções do que François-René de Chateaubriand e menos partidarizado e menos sentimentalista que Charles de Montalembert (1810-1870). Envolvido nos principais movimentos sociais da sua época, era um defensor consciencioso da democracia cristã, pugnado para que a Igreja Católica Romana se adaptasse às condições sociais e políticas que tinham emergido da Revolução Francesa. Nos seus escritos expõe as importantes contribuições históricas do cristianismo na formação da sociedade europeia, defendendo a posição de que a Igreja Católica, continuando a tradição romana, fora o mais importante fator na absorção dos povos bárbaros que invadiram a Europa nas grandes migrações dos povos bárbaros que marcaram o fim do Império Romano e na subsequente manutenção da organização social e da cultura greco-latina durante a Idade Média. Confessava que o seu objectivo era provar a tese contrária à de Edward Gibbon. Apesar de ser certo que qualquer historiador que aborde o seu trabalho com a ideia pré-concebida de provar uma tese em geral se engana, Ozanam teve um sucesso relativo no combate à ideia de que a Igreja Católica ao longo dos tempos tinha feito muito mais para escravizar o espírito dos povos do que para o elevar. O seu conhecimento de literatura medieval, em especial francesa e italiana, e a forma como encarava a organização social e a vida quotidiana na Idade Média dão à sua obra uma qualidade excepcional, fazendo que ainda mantenha atualidade mais de 150 anos após a sua publicação. A sua obra completa foi publicada em 11 volumes (Paris, 1862-1865). Em Maio de 1853, de novo na Itália por motivo de saúde, a braços com a angústia de em breve ter que deixar os seus entes queridos, os sucessos profissionais e os debates políticos, mas pronto ao sacrifício, dirige-se a Deus: «Senhor, quero o que Tu queres, quero como o queres e por todo o tempo que o quiseres, quero-o porque Tu o queres». Frederico Ozanam morreu na noite de 8 de Setembro de 1853, em Marselha, rodeado dos seus entes mais queridos, depois de uma agonia longa e dolorosa. O primeiro passo formal para sua canonização foi dado em Paris aos 10 de junho de 1925. Em 12 de janeiro de 1954, o papa Pio XII assinou o decreto de introdução da causa. 

Algumas notas biográficas:
1. https://web.archive.org/web/20070928052010/http://212.77.1.247/news_services/liturgy/saints/ns_lit_doc_19970822_ozanam_po.html
2. https://www.famvin.org/wiki/Frédéric_Ozanam (Inglês). 
3. Em francês, o trecho do livro que menciona o Stabat: https://fr.wikisource.org/wiki/Œuvres_complètes_de_Frédéric_Ozanam,_3e_édition/Volume_05/5. PDF (Inglês, 1914).  


Versão em Português: Giulia d'Amore 

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