VISITAS AO SANTÍSSIMO SACRAMENTO E A MARIA SANTÍSSIMA PARA TODOS OS DIAS DO MÊS.
ATOS DE PREPARAÇÃO E DE AÇÃO DE GRAÇAS PARA A SAGRADA COMUNHÃO.
MODO DE REZAR A COROA DAS DORES DE NOSSA SENHORA E ATOS QUE DEVE FAZER O CRISTÃO TODOS OS DIAS.
LINDA EDIÇÃO DE NOVAS ORAÇÕES E A NOVENA AO SANTÍSSIMO E DEVOÇÕES A NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO DA ROCHA.
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EXERCÍCIOS PARA ANTES E DEPOIS DA CONFISSÃO E COMUNHÃO. (I)
ORAÇÃO Para antes da Confissão.
Clementíssimo Senhor meu JESUS Cristo, aqui vem já contrito a vossos Divinos pés este pecador ingrato, este filho prodigo, e arrependido. Desejara, Senhor, confessar minhas culpas penetrado da mais perfeita contrição, e lavar as manchas da minha alma com o vosso Sangue preciosíssimo; mas como de mim nada posso em ordem à minha salvação, a quem hei de recorrer, meu bom JESUS senão a vós, que sois o meu singular refugio, e a minha única esperança? Quem me pode valer, senão vós, que sois um Deus de infinita misericórdia, e piedade para com os miseráveis pecadores? Quem se há de compadecer de mim, senão vós, que sois Pai de infinita bondade, e amor para com todos os vossos filhos? Concedei-me pois eficazes auxílios da vossa graça, para conseguir os frutos do Santo Sacramento da Penitencia, que eu vou receber. Dai-me, Senhor, uma intima compunção, e humildade, como destes ao Publicano: dai-me lagrimas de verdadeiro arrependimento, como destes a S. Pedro: dai-me um terníssimo amor da vossa Divina Majestade, como destes a Santa Magdalena, para que, imitando eu estes grandes exemplares da penitencia, seja minha alma justificada pela vossa graça cá na terra, e algum dia glorificada pela vista da vossa Divina face lá no Céu. Amém.Eu vos rogo, que escutando
De crimes o pregão,
Se enterneça, e se condoa
Vosso meigo coração.
Que os golpes, que sobre mim
Descarregar doloroso,
Subam ao Céu, fação eco
No vosso peito amoroso.
Que os propósitos amantes,
De nunca mais vos fugir,
Desse braço vingador
A espada fação cair.
E que no feliz momento,
Em que me achar perdoado,
Solteis os braços da Cruz,
Eu fique neles cerrado.
As negras vestes da culpa
Despi-me, Senhor, rasgai;
E as galas da virtude
Sobre minh’alma lançai.
Tendo a veste nupcial,
Possa.. Que grande ventura!
Ter lugar, ter aposento
Convosco, em gloria futura.
ORAÇÃO. Para depois da Confissão.
Amantíssimo Senhor JESUS e Deus meu, tenho recebido o Santo Sacramento da Penitencia, como meio, que vós ordenastes para remissão de todos os nossos pecados. Por tanto vos rogo, meu amabilíssimo Redentor, pelos vossos infinitos merecimentos, pelo preciosíssimo Sangue, que por mim derramastes, me concedais um geral perdão de todas as minhas culpas, e imprimais na minha alma os maravilhosos efeitos deste Santo Sacramento. Não sejam, Senhor, os meus pecados mais poderosos para condenar-me, do que os vossos Sacramentos, e vossa graça para salvar-me. Aceitai pois benigno esta minha sincera, e dolorosa confissão; e se nela cometi alguns defeitos por falta de dor, ou de inteireza, ou por qualquer outra circunstancia, com que a devia fazer, eu vos rogo, que tudo supra em bem da minha alma a vossa infinita misericórdia, e piedade. Amém.Ah! meu Deus, e quem soubera
Devidas graças render
Por tão singulares dons,
Que acabo de receber!
Boca ingrata, que até agora
Blasfemaste o Senhor,
Manda às nuvens os teus brados,
Publica seu grande amor.
Peito rebelde, e aleivoso,
Que dominou o pecado,
D’hoje em diante somente
Serás a Deus consagrado.
Permiti, que a vossa graça
No meu coração lançada,
Dele não torne a sair,
Fique dentro em mim fechada.
Que faça contínua guerra
Às minhas cruéis paixões,
Que sempre combata, e vença
Perversas inclinações.
Que os meus desvelos só queira
Em vós constante empregar,
E sobre as vossas pisadas,
Té à morte caminhar.
ATOS Que se devem fazer antes da Comunhão com muita pausa, e fervor.
I.ATO DE FÉ. Ah, meu amantíssimo Salvador, que excesso de amor, que abatimentos da vossa Divina Majestade praticastes, para vos unirdes a mim nesse adorável Sacramento! Sim, vós, sendo Deus, vos fizestes homem; sendo imenso, vos fizestes menino; sendo Senhor, vos fizestes servo: descestes do seio do Eterno Pai ao ventre de uma Virgem; do Céu a um Presépio do Trono da Gloria a um patíbulo de justiçados, e esta manhã saís desse Sacrário para virdes habitar dentro do meu peito.
Eis-ali, ó alma minha, o teu amante JESUS que ardendo naquele mesmo amor, com o qual te amou na Cruz, morrendo por ti, está naquele Divino Sacramento esperando que tu o venhas a receber, e desde ali está observando os teus pensamentos, o teu amor, os teus desejos, as tuas pretensões, e as ofertas, que vás a apresentar-lhe.
Eia pois, alma minha, aparelha-te para receberes a JESUS e primeiramente dize-lhe com fé: É possível, meu amado Redentor, que daqui a poucos instantes haveis de vir a mim! Um Deus infinito a um pecador tão mau, como eu sou! Ó Deus escondido, desconhecido da maior parte dos homens, eu vos creio, vos confesso, e vos adoro no SS. Sacramento por meu Senhor, e Salvador. E por confessar, e defender esta verdade, voluntariamente daria a própria vida. Vós vindes para me enriquecer das vossas graças, e para unir-vos todo a mim. Ah! e quanta deve ser, Senhor, a minha confiança, sabendo que vindes por motivos tão amorosos!
II.
ATO DE CONFIANÇA. Alma minha, dilata o teu coração. O teu JESUS pode fazer-te todo o bem: ele te ama excessivamente, espera pois grandes favores deste teu amante Senhor, que movido do seu grande amor, vem a consolar-te. Sim, meu amado JESUS eu confio na vossa bondade, que entrando vós hoje no meu peito, acendereis no meu pobre coração a suave chama do vosso amor puro, e um eficaz desejo de executar em tudo a vossa Santíssima vontade.
III.
ATO DE AMOR. Ah, Deus meu, Deus meu, verdadeiro, e único amante da minha alma! e que mais podeis fazer, Senhor, para serdes de mim amado? Não vos bastou o morrerdes por mim; quisestes instituir esse grande Sacramento, para vos dardes todo a mim, e unirdes o vosso coração ao meu coração, ao coração de uma criatura tão má, e tão ingrata, como eu sou. Oh amor imenso! Amor incompreensível! Amor infinito! Um Deus quer dar-se a mim!
Alma minha, tu o crês? E que fazes? Que dizes? Ó Deus, ó Deus, ó amor infinito, único objeto digno de todos os amores: eu vos amo com todo meu coração, amo-vos sobre todas as cousas, amo-vos mais que a mim mesmo, mais que a minha própria vida. Oh! se eu pudesse fazer que todas as criaturas vos amassem quanto vós mereceis! Ah! quem me dera amar-vos com aquele amor, com que vos amam os Serafins; com aquele amor, com que vos ama minha Mãe, e Senhora, Maria Santíssima! Afetos terrenos, saí do meu coração. Mãe do amor formoso, Maria Santíssima, ajudai-me a amar aquele Deus, que tanto desejais ver amado.
IV.
ATO DE HUMILDADE. És tu, alma minha, que vás a receber o sagrado Corpo de JESUS Cristo? E és tu digna de tão alto fervor? Ah! Deus meu! Quem sou eu, e quem sois vós? Eu bem sei, e confesso, que vós sois um Deus de Majestade infinita, e incompreensível, e quem eu sou, vós o sabeis, Senhor.
E é possível, meu JESUS que vós, pureza infinita, desejeis entrar em uma alma tão impura como a minha, e que tantas vezes tem sido manchada com o lodo vil dos meus enormes pecados! Ah! Senhor, à vista da vossa infinita Majestade, e da minha grande miséria, eu me envergonho de aparecer diante de vós. O temor, e o respeito me querem separar de vós, mas, se me retiro de vós, aonde irei? A quem hei de recorrer? E que será de mim? Não, Senhor, eu não quero ausentar-me de vós, antes desejo cada vez mais avizinhar-me a vós. Venho pois, ó meu amável Salvador, venho a receber-vos esta manhã humilhado, e confuso pelos meus pecados; mas todo confiado na vossa piedade, e no amor, que vós me tendes.
V.
ATO DE CONTRIÇÃO. Quanto me pesa, ó Deus da minha alma, de vos não ter amado, todo o tempo da minha vida! antes, em lugar de vos amar, por satisfazer os meus depravados apetites, tantas vezes ofendi, e desgostei a vossa infinita bondade. Eu vos voltei muitas vezes as costas: eu desprezei a vossa graça, e amizade. Ah! quanto me pesa, Senhor! Quem me dera que se partira o meu coração de dor! Aborreço mais que tudo, as ofensas, que vos tenho feito, assim graves, como leves. Eu espero que vós já me tenhais perdoado; mas, se ainda me não tendes perdoado, perdoai-me antes que eu agora vos receba: lavai com o vosso Sangue esta alma, em que quereis vir habitar daqui a poucos instantes.
VI.
ATO DE DESEJO.
Eia pois, alma minha, é chegada a hora feliz, na qual o teu JESUS ha de entrar no teu pobre coração. Eis aqui o Rei do Céu, o teu Redentor, e Deus, que já vem a ti. Dispõe-te a recebê-lo com amor. Chama por ele com eficaz desejo. Vinde, ó JESUS meu, vinde à minha alma, que muito vos deseja. Primeiro que vos deis a mim, Senhor, quero eu dar-me todo a vós. Eu vos entrego o meu miserável coração; aceitai-o, e vinde depressa tomar posse dele.
Vinde, meu Deus, depressa, e não tardeis, único, e infinito bem meu, meu tesouro, minha vida, meu paraíso, meu amor, meu tudo: eu quisera receber-vos com aquele amor, com que vos recebem as almas mais santas; com aquele amor, com que vos recebia Maria Santíssima.
Virgem Soberana, e Mãe minha, eu me avizinho já a receber o vosso Filho. Dai-me, Senhora, esta manhã o vosso JESUS como o destes ao Santo Velho Simeão: eu das vossas puríssimas mãos o quero receber: dizei-lhe que eu sou vosso servo, e devoto, porque assim olhará ele para mim com olhos mais amorosos. Assisti-me, valei-me.