MÊS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
(7 anos e 7 quarentenas de indulgência cada dia e uma indulgência plenária no fim.)ORDEM DO EXERCÍCIO COTIDIANO
Invocação do Espírito Santo
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fieis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V. — Enviai o vosso Espírito e tudo será criado.
R. — E renovareis a face da terra.
ORAÇÃO
Deus, que esclarecestes os corações de vossos fieis com as luzes do Espírito Santo, concedei-nos, por esse mesmo Espírito, conhecer e amar o bem e gozar sempre de suas divinas consolações. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.
Oração preparatória
(100 dias de indulgência — Leão XIII, indulto de 10 de dezembro de 1885).
Senhor Jesus Cristo, unindo-me à divina intenção com que na terra pelo vosso Coração Sacratíssimo rendestes louvores a Deus e ainda agora os rendeis de contínuo e em todo o mundo no Santíssimo Sacramento da Eucaristia até a consumação dos séculos, eu vos ofereço por este dia inteiro, sem exceção de um instante, à imitação do Sagrado Coração da Bem aventurada Maria sempre Virgem Imaculada, todas as minhas intenções e pensamentos, todos os meus afetos e desejos, todas as minhas obras e palavras. Amém.
Lê-se a intenção própria do dia, recitando em sua conformidade um Pai Nosso, Ave Maria e Glória, e a jaculatória: Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais.
Em seguida, a Meditação correspondente ao dia e, depois, a Ladainha do Sagrado Coração.
LADAINHA DO SAGRADO CORAÇÃOSenhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Deus Pai dos céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Filho do Pai Eterno, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, formado pelo Espirito Santo no seio da Virgem Mãe, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de majestade infinita, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, templo santo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do céu, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e amor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, rei e centro de todos os corações, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual o Pai celeste põe as suas complacências, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de cuja plenitude nós todos participamos, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, desejo das colinas eternas, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, paciente e misericordioso, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, rico para todos os que vos invocam, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, propiciação para os nossos pecados, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, saturado de opróbios, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, atribulado por causa de nossos crimes, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, feito obediente até a morte, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, atravessado pela lança, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de toda a consolação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, vítima dos pecadores, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, salvação dos que em vós esperam, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, esperança dos que em vós expiram, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, delícia de todos os Santos, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.
V. — Jesus, manso e humilde de coração,
R. — Fazei o nosso coração semelhante ao vosso.
ORAÇÃO
Onipotente e sempiterno Deus, olhai para o Coração de vosso diletíssimo Filho e para os louvores e satisfações que ele vos tributa em nome dos pecadores, e àqueles que invocam vossa misericórdia, concedei benigno o perdão, em nome do mesmo Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina juntamente com o Espírito Santo por todos os séculos dos séculos. Amém.
Para concluir, a seguinte fórmula de consagração
Recebei, Senhor, minha liberdade inteira. Aceitai a memória, a inteligência e a vontade do vosso servo. Tudo o que tenho ou possuo, vós mo concedestes, e eu vo-lo restituo e entrego inteiramente à vossa vontade para que o empregueis. Dai-me só vosso amor e vossa graça, e serei bastante rico e nada mais vos solicitarei.
(300 dias de indulgência. Leão XIII, Decreto de 28 de maio de 1887).
Doce Coração de Jesus, sede meu amor.
(300 dias — Pio IX).
Doce Coração de Maria, sede a minha salvação.
(300 dias — Pio IX).
DÉCIMO SEXTO DIA
Oremos por tocos os membros de nossa família. Pai Nosso, Ave Maria, Glória e a jaculatória: “Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.
Oh! como é agradável a Jesus ver honrar e amar sua Mãe; essa Mãe, a quem por tanto tempo obedeceu; essa Mãe, tão virtuosa, tão santa, tão boa; essa Mãe, a quem tanto viu sofrer!… Por isso, vede como Ele inspira um tão grande número de práticas de devoções em sua honra, como enche de bênçãos aos que a invocam, como concede a paz e a alegria aos que a amam… Ó Jesus, queremos amar, com todo o nosso coração, a vossa Mãe… Teremos por Maria a mais terna devoção.
“Recitarei, hoje, um ato de abandono à SS. Virgem”.
EXEMPLO
Mons. Bossé, prefeito apostólico de S. Lourenço no Canadá, em 1883 relata o seguinte: “Um milagre acaba de ser operado na missão de “Betchouan” pelo Sagrado Coração de Jesus. Numa pequena casa achavam-se treze pessoas. Trazem ali um barril de 36 libras de pólvora para fazer a divisão. Um homem pega num vaso, enche-o de explosivo e derrama-o também numa garrafa. Entra um rapaz com um cachimbo, em torno do qual estavam sete homens. Uma parede inteira da casa é atirada longe, o fogão se esboroa, o teto é sacudido à altura de quatro pés e cai desconjuntado. Portas, janelas, móveis ficam em pedaços; a caixa do edifício é só o que resiste. Três dos homens cujas roupas se incendiaram, correram à praia e se atiraram na água. Sete queimaram as mãos e o rosto; mas estão em via de cura. Todos, no momento do desastre, invocaram Jesus e Maria. Havia nesse aposento, pregadas na parede destruída, duas imagens do Sagrado Coração e uma de Maria, que estavam em quadros com vidros: os quadros e os vidros se esmigalharam, mas as três imagens se acharam intactas a doze pés da casa, sobre uma pilha de destroços… O papel não estava nem roto, nem machucado, nem enegrecido: até mesmo as estrelas doiradas, que ornavam o manto de Jesus, nada sofreram. Os feridos fizeram celebrar uma Missa em ação de graças, e nela comungaram.
Sim, Jesus, eu vos prometo recitar, todos os dias, uma oração ao vosso Sagrado Coração; prometo-vos venerar as piedosas imagens que o representarem à minha devoção; prometo-vos espalhar o conhecimento desta devoção e propagá-la.
Sede a minha fortaleza, a minha alegria, a minha felicidade!
“Farei um ato de consagração ao Coração de Jesus”.
Ao Coração adorável de Jesus dou e consagro o meu corpo e a minha alma, a minha vida, os meus pensamentos, palavras, ações, dores e sofrimentos. Não me tornarei a servir de parte alguma do meu ser, que não seja para o amar, honrar e glorificar.
Tomo-vos, pois, ó divino Coração, por objeto do meu amor, protetor da minha vida, âncora da minha salvação, remédio das minhas inconstâncias, reparador dos meus defeitos, e seguro asilo na hora da morte.
Ó Coração cheio de bondade, sede a minha justificação para com Deus, e apartai de mim a sua justa cólera.
Ponho em vós toda a minha confiança, porquanto receio tudo de minha fraqueza, como tudo espero de vossa bondade. Aniquilai em mim tudo o que vos possa desagradar e resistir; imprimi-vos em meu coração, como um selo sagrado, para que jamais me possa esquecer de vós, e de vós ser separado. Isto vos peço por vossa infinita bondade: que o meu nome se inscreva em vós, que sois o livro da vida, e que façais de mim uma vítima consagrada inteiramente à vossa glória; que desde este momento seja eu abrasado e um dia inteiramente consumido pelas chamas do vosso amor; nisto consiste a minha dita, não tendo outra ambição senão a de morrer em vós e por vós.
Assim seja.
DIA 16
Maria André, a dedicada “Zeladora do Apostolado da Oração”, foi logo após o batismo consagrada a Nossa Senhora, usando, por voto materno, só vestes brancas, até os três anos de idade: era como um prenúncio da angélica pureza com que em curta vida ela edificaria o mundo. Aos cinco anos, já lia bem, tinha gosto pela oração e mostrava um coração terno e compassivo, interessando-se, vivamente, pelos que sofriam e revoltando-se contra quem os maltratava, até mesmo em relação aos contos que ouvia: desgostava-lhe a fábula do Lobo e do Cordeiro, e afligia-lhe recitá-la, tanta era a sua pena do inocente que a fera escarnecia e imolava! Pelo fervor com que orava na igreja, pessoas havia que procuravam sua mãe para lhe dizerem com instância: “Peça a sua menina que reze por mim”. Maria desejava ardentemente comungar, e preparou-se com o maior cuidado e zelo. Numa das lições de catecismo, o Padre, falando sobre as faltas que se cometem diariamente, sobretudo as desobediências, mandou que se levantassem as crianças que disto se sentiam culpadas; ninguém se moveu, porém Maria, não se julgando de todo inocente neste ponto, ergueu-se humilde, sem se confundir com o riso malicioso de algumas das companheiras. Sua primeira Comunhão, feita com as melhores disposições, inflamou-a no amor à Sagrada Eucaristia: buscava-a frequentemente. Vendo sua mãe voltar da Comunhão, quando não pudera acompanhá-la, abraçava-a contente, porque acabava de entrar aí no peito materno o Deus Sacramentado. As boas qualidades de Maria André manifestavam-se igualmente no colégio em que se educou; as mestras apontavam-na às outras como o exemplo; as condiscípulas, ao contrário de se melindrarem com isso e contestarem, reconheciam-no ainda em maior grau, exclamando: “Nós não podemos fazer o que Maria faz, ela é uma santa”. E, sem se envaidecer de que assim a julgassem, a jovem dispensava o mesmo carinho e dedicação a todos; mais tarde, na vida social ou no lar, empenhava-se por todas as formas em ser útil, em auxiliar a quem precisasse. Amando muito o desenho e a pintura, abandonava o lápis e o pincel para se dar a trabalhos manuais que não lhe agradavam, mas que partilhava satisfeita para aliviar aos que via sobrecarregados: “Eu posso fazer isto, dizia, dividamos”.
O bem das almas, porém, era o que sobretudo procurava, lembrando, gentilmente, os deveres religiosos, e a prática de boas obras e salutares devoções; tinha sempre diversas a propor, e quando suas companheiras riam disso, volvia: “É porque assim podem escolher; se não quiserem uma, têm outra”. Trabalhava, porém, mais especialmente pelo Apostolado da Oração, de que era zeladora: explicava seus dons, mostrava, com eloquência e zelo, os frutos e vantagens que dele se podiam colher, notando suplicante: “É tão pouco que fazer, e tanto a lucrar!” Consegue assim reunir centenas de associados, e, como o espírito da devoção ao Coração de Jesus é fazer o bem por todas as formas e zelar tudo o que interessa a glória de Deus, Maria André procura, a miúdo, as operárias e vela em que não faltem às Missas de preceito e frequentem a Comunhão; visita e socorre aos enfermos, ensina o catecismo às crianças, fazendo profusa distribuição de imagens, etc. Além disto, executa por suas mãos belos trabalhos para a decoração do altar, e, como não houvesse organista para as cerimônias da igreja, só por isso estudou a música, e em breve, toda a vez que era preciso, estava a tocar o harmônio. Devotíssima do SS. Sacramento, não prescindiu nunca de entrar nas igrejas por onde passava fosse embora só para se ajoelhar um momento diante do Tabernáculo; pelo fervor edificante com que fazia a via-sacra, mais de uma vez a designaram assim: “Olhem a moça que faz tão bem o caminho da cruz!” Dos vivos o seu zelo se estendia aos mortos; um dia, ao entrar em casa, sabe que morrera, subitamente, um velho quase abandonado. Maria, contristada, vai a sua mãe, e lhe diz: “Ninguém se lembrará de mandar dizer uma Missa por este pobre senhor que bem precisa; só me resta um franco; se me pudesse dar outro, faríamos logo celebrar uma. Em seu desejo de mais servir a Deus, quis ser Religiosa; seus velhos pais opuseram-se, dizendo que a separação lhes causaria a morte e se esforçaram por distraí-la de seu fervor devoto. Maria sofreu com a recusa e foi definhando; disseram-lhe então que, se o contrariá-la a afligia muito, livre estava, fizesse o que queria; mas com lágrimas nos olhos, respondeu: “O sacrifício está feito; não falemos mais nisto”. O abatimento das forças prosseguiu; numa procissão que acompanhava, impressionou a sua mãe o ardor e transporte com que entoava, como um hino de libertação, o cântico: “No céu, no céu, com minha Mãe estarei!” Pouco depois, a febre a prostrara: “O bom Jesus me tem pregado em sua cruz, escrevia ela na sua última carta; — desde ontem estou reclusa. Eis como as corriqueiras são punidas. Deo gratias, sempre”. Após um mês de atrozes sofrimentos, durante os quais recebeu por várias vezes os socorros espirituais, a 28 de novembro de 1891, dizendo ternamente a seus pais: — “Eu orarei por vós”, — exalou o último alento; sob um impulso do alto, sua mãe recitava nessa hora o “Magnificat, como para acompanhar com a ação de graças da SS. Virgem a entrada triunfante de sua filha no céu.
O segundo desejo do Coração de Jesus
é a honra e glória da SS. Virgem
Oh! como é agradável a Jesus ver honrar e amar sua Mãe; essa Mãe, a quem por tanto tempo obedeceu; essa Mãe, tão virtuosa, tão santa, tão boa; essa Mãe, a quem tanto viu sofrer!… Por isso, vede como Ele inspira um tão grande número de práticas de devoções em sua honra, como enche de bênçãos aos que a invocam, como concede a paz e a alegria aos que a amam… Ó Jesus, queremos amar, com todo o nosso coração, a vossa Mãe… Teremos por Maria a mais terna devoção.
“Recitarei, hoje, um ato de abandono à SS. Virgem”.
EXEMPLO
Mons. Bossé, prefeito apostólico de S. Lourenço no Canadá, em 1883 relata o seguinte: “Um milagre acaba de ser operado na missão de “Betchouan” pelo Sagrado Coração de Jesus. Numa pequena casa achavam-se treze pessoas. Trazem ali um barril de 36 libras de pólvora para fazer a divisão. Um homem pega num vaso, enche-o de explosivo e derrama-o também numa garrafa. Entra um rapaz com um cachimbo, em torno do qual estavam sete homens. Uma parede inteira da casa é atirada longe, o fogão se esboroa, o teto é sacudido à altura de quatro pés e cai desconjuntado. Portas, janelas, móveis ficam em pedaços; a caixa do edifício é só o que resiste. Três dos homens cujas roupas se incendiaram, correram à praia e se atiraram na água. Sete queimaram as mãos e o rosto; mas estão em via de cura. Todos, no momento do desastre, invocaram Jesus e Maria. Havia nesse aposento, pregadas na parede destruída, duas imagens do Sagrado Coração e uma de Maria, que estavam em quadros com vidros: os quadros e os vidros se esmigalharam, mas as três imagens se acharam intactas a doze pés da casa, sobre uma pilha de destroços… O papel não estava nem roto, nem machucado, nem enegrecido: até mesmo as estrelas doiradas, que ornavam o manto de Jesus, nada sofreram. Os feridos fizeram celebrar uma Missa em ação de graças, e nela comungaram.
CONSAGRAÇÃO AO CORAÇÃO DE JESUS
Sim, Jesus, eu vos prometo recitar, todos os dias, uma oração ao vosso Sagrado Coração; prometo-vos venerar as piedosas imagens que o representarem à minha devoção; prometo-vos espalhar o conhecimento desta devoção e propagá-la.
Sede a minha fortaleza, a minha alegria, a minha felicidade!
“Farei um ato de consagração ao Coração de Jesus”.
Ao Coração adorável de Jesus dou e consagro o meu corpo e a minha alma, a minha vida, os meus pensamentos, palavras, ações, dores e sofrimentos. Não me tornarei a servir de parte alguma do meu ser, que não seja para o amar, honrar e glorificar.
Tomo-vos, pois, ó divino Coração, por objeto do meu amor, protetor da minha vida, âncora da minha salvação, remédio das minhas inconstâncias, reparador dos meus defeitos, e seguro asilo na hora da morte.
Ó Coração cheio de bondade, sede a minha justificação para com Deus, e apartai de mim a sua justa cólera.
Ponho em vós toda a minha confiança, porquanto receio tudo de minha fraqueza, como tudo espero de vossa bondade. Aniquilai em mim tudo o que vos possa desagradar e resistir; imprimi-vos em meu coração, como um selo sagrado, para que jamais me possa esquecer de vós, e de vós ser separado. Isto vos peço por vossa infinita bondade: que o meu nome se inscreva em vós, que sois o livro da vida, e que façais de mim uma vítima consagrada inteiramente à vossa glória; que desde este momento seja eu abrasado e um dia inteiramente consumido pelas chamas do vosso amor; nisto consiste a minha dita, não tendo outra ambição senão a de morrer em vós e por vós.
Assim seja.
DIA 16
Maria André, a dedicada “Zeladora do Apostolado da Oração”, foi logo após o batismo consagrada a Nossa Senhora, usando, por voto materno, só vestes brancas, até os três anos de idade: era como um prenúncio da angélica pureza com que em curta vida ela edificaria o mundo. Aos cinco anos, já lia bem, tinha gosto pela oração e mostrava um coração terno e compassivo, interessando-se, vivamente, pelos que sofriam e revoltando-se contra quem os maltratava, até mesmo em relação aos contos que ouvia: desgostava-lhe a fábula do Lobo e do Cordeiro, e afligia-lhe recitá-la, tanta era a sua pena do inocente que a fera escarnecia e imolava! Pelo fervor com que orava na igreja, pessoas havia que procuravam sua mãe para lhe dizerem com instância: “Peça a sua menina que reze por mim”. Maria desejava ardentemente comungar, e preparou-se com o maior cuidado e zelo. Numa das lições de catecismo, o Padre, falando sobre as faltas que se cometem diariamente, sobretudo as desobediências, mandou que se levantassem as crianças que disto se sentiam culpadas; ninguém se moveu, porém Maria, não se julgando de todo inocente neste ponto, ergueu-se humilde, sem se confundir com o riso malicioso de algumas das companheiras. Sua primeira Comunhão, feita com as melhores disposições, inflamou-a no amor à Sagrada Eucaristia: buscava-a frequentemente. Vendo sua mãe voltar da Comunhão, quando não pudera acompanhá-la, abraçava-a contente, porque acabava de entrar aí no peito materno o Deus Sacramentado. As boas qualidades de Maria André manifestavam-se igualmente no colégio em que se educou; as mestras apontavam-na às outras como o exemplo; as condiscípulas, ao contrário de se melindrarem com isso e contestarem, reconheciam-no ainda em maior grau, exclamando: “Nós não podemos fazer o que Maria faz, ela é uma santa”. E, sem se envaidecer de que assim a julgassem, a jovem dispensava o mesmo carinho e dedicação a todos; mais tarde, na vida social ou no lar, empenhava-se por todas as formas em ser útil, em auxiliar a quem precisasse. Amando muito o desenho e a pintura, abandonava o lápis e o pincel para se dar a trabalhos manuais que não lhe agradavam, mas que partilhava satisfeita para aliviar aos que via sobrecarregados: “Eu posso fazer isto, dizia, dividamos”.
O bem das almas, porém, era o que sobretudo procurava, lembrando, gentilmente, os deveres religiosos, e a prática de boas obras e salutares devoções; tinha sempre diversas a propor, e quando suas companheiras riam disso, volvia: “É porque assim podem escolher; se não quiserem uma, têm outra”. Trabalhava, porém, mais especialmente pelo Apostolado da Oração, de que era zeladora: explicava seus dons, mostrava, com eloquência e zelo, os frutos e vantagens que dele se podiam colher, notando suplicante: “É tão pouco que fazer, e tanto a lucrar!” Consegue assim reunir centenas de associados, e, como o espírito da devoção ao Coração de Jesus é fazer o bem por todas as formas e zelar tudo o que interessa a glória de Deus, Maria André procura, a miúdo, as operárias e vela em que não faltem às Missas de preceito e frequentem a Comunhão; visita e socorre aos enfermos, ensina o catecismo às crianças, fazendo profusa distribuição de imagens, etc. Além disto, executa por suas mãos belos trabalhos para a decoração do altar, e, como não houvesse organista para as cerimônias da igreja, só por isso estudou a música, e em breve, toda a vez que era preciso, estava a tocar o harmônio. Devotíssima do SS. Sacramento, não prescindiu nunca de entrar nas igrejas por onde passava fosse embora só para se ajoelhar um momento diante do Tabernáculo; pelo fervor edificante com que fazia a via-sacra, mais de uma vez a designaram assim: “Olhem a moça que faz tão bem o caminho da cruz!” Dos vivos o seu zelo se estendia aos mortos; um dia, ao entrar em casa, sabe que morrera, subitamente, um velho quase abandonado. Maria, contristada, vai a sua mãe, e lhe diz: “Ninguém se lembrará de mandar dizer uma Missa por este pobre senhor que bem precisa; só me resta um franco; se me pudesse dar outro, faríamos logo celebrar uma. Em seu desejo de mais servir a Deus, quis ser Religiosa; seus velhos pais opuseram-se, dizendo que a separação lhes causaria a morte e se esforçaram por distraí-la de seu fervor devoto. Maria sofreu com a recusa e foi definhando; disseram-lhe então que, se o contrariá-la a afligia muito, livre estava, fizesse o que queria; mas com lágrimas nos olhos, respondeu: “O sacrifício está feito; não falemos mais nisto”. O abatimento das forças prosseguiu; numa procissão que acompanhava, impressionou a sua mãe o ardor e transporte com que entoava, como um hino de libertação, o cântico: “No céu, no céu, com minha Mãe estarei!” Pouco depois, a febre a prostrara: “O bom Jesus me tem pregado em sua cruz, escrevia ela na sua última carta; — desde ontem estou reclusa. Eis como as corriqueiras são punidas. Deo gratias, sempre”. Após um mês de atrozes sofrimentos, durante os quais recebeu por várias vezes os socorros espirituais, a 28 de novembro de 1891, dizendo ternamente a seus pais: — “Eu orarei por vós”, — exalou o último alento; sob um impulso do alto, sua mãe recitava nessa hora o “Magnificat, como para acompanhar com a ação de graças da SS. Virgem a entrada triunfante de sua filha no céu.
Mês do Sagrado Coração de Jesus. Mons. Dr. José Basílio Pereira. Editora Mensageiro da Fé. Fortaleza. 1962. Fonte.
1º DIA - DIA ANTERIOR - PRÓXIMO DIA