MÊS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
(7 anos e 7 quarentenas de indulgência cada dia e uma indulgência plenária no fim.)ORDEM DO EXERCÍCIO COTIDIANO
Invocação do Espírito Santo
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fieis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V. — Enviai o vosso Espírito e tudo será criado.
R. — E renovareis a face da terra.
ORAÇÃO
Deus, que esclarecestes os corações de vossos fieis com as luzes do Espírito Santo, concedei-nos, por esse mesmo Espírito, conhecer e amar o bem e gozar sempre de suas divinas consolações. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.
Oração preparatória
(100 dias de indulgência — Leão XIII, indulto de 10 de dezembro de 1885).
Senhor Jesus Cristo, unindo-me à divina intenção com que na terra pelo vosso Coração Sacratíssimo rendestes louvores a Deus e ainda agora os rendeis de contínuo e em todo o mundo no Santíssimo Sacramento da Eucaristia até a consumação dos séculos, eu vos ofereço por este dia inteiro, sem exceção de um instante, à imitação do Sagrado Coração da Bem aventurada Maria sempre Virgem Imaculada, todas as minhas intenções e pensamentos, todos os meus afetos e desejos, todas as minhas obras e palavras. Amém.
Lê-se a intenção própria do dia, recitando em sua conformidade um Pai Nosso, Ave Maria e Glória, e a jaculatória: Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais.
Em seguida, a Meditação correspondente ao dia e, depois, a Ladainha do Sagrado Coração.
LADAINHA DO SAGRADO CORAÇÃOSenhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Deus Pai dos céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Filho do Pai Eterno, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, formado pelo Espirito Santo no seio da Virgem Mãe, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de majestade infinita, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, templo santo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do céu, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e amor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, rei e centro de todos os corações, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual o Pai celeste põe as suas complacências, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de cuja plenitude nós todos participamos, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, desejo das colinas eternas, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, paciente e misericordioso, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, rico para todos os que vos invocam, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, propiciação para os nossos pecados, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, saturado de opróbios, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, atribulado por causa de nossos crimes, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, feito obediente até a morte, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, atravessado pela lança, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de toda a consolação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, vítima dos pecadores, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, salvação dos que em vós esperam, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, esperança dos que em vós expiram, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, delícia de todos os Santos, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.
V. — Jesus, manso e humilde de coração,
R. — Fazei o nosso coração semelhante ao vosso.
ORAÇÃO
Onipotente e sempiterno Deus, olhai para o Coração de vosso diletíssimo Filho e para os louvores e satisfações que ele vos tributa em nome dos pecadores, e àqueles que invocam vossa misericórdia, concedei benigno o perdão, em nome do mesmo Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina juntamente com o Espírito Santo por todos os séculos dos séculos. Amém.
Para concluir, a seguinte fórmula de consagração
Recebei, Senhor, minha liberdade inteira. Aceitai a memória, a inteligência e a vontade do vosso servo. Tudo o que tenho ou possuo, vós mo concedestes, e eu vo-lo restituo e entrego inteiramente à vossa vontade para que o empregueis. Dai-me só vosso amor e vossa graça, e serei bastante rico e nada mais vos solicitarei.
(300 dias de indulgência. Leão XIII, Decreto de 28 de maio de 1887).
Doce Coração de Jesus, sede meu amor.
(300 dias — Pio IX).
Doce Coração de Maria, sede a minha salvação.
(300 dias — Pio IX).
NONO DIA
Oremos pelas pessoas que mais estimamos. Pai Nosso, Ave Maria, Glória e a jaculatória: “Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.
Jesus defende Madalena
Madalena tinha sido pecadora, estava, porém, arrependida e chorava aos pés de Jesus. Não era preciso tanto para comover o coração do bom Mestre; não só perdoa, mas vede como ele toma a sua defesa contra os que, no fundo de seus corações, diziam: É uma pecadora.— “É mais amante do que vós, respondeu Jesus. Vim à vossa casa, não me destes água para meus pés, e ela mos há banhado com as suas lágrimas; não me destes o ósculo de paz, e ela não cessou de beijar-me os pés… Por isso eu lhe digo: Tudo vos é perdoado, ide em paz!”
Lição de misericórdia que eu jamais esquecerei, ó meu Deus! Talvez que aqueles que eu desprezo dentro do meu coração, e os que acuso, sejam mais queridos de Deus, porque o amem muito mais.
“Porei sumo cuidado em julgar o próximo, para não pensar mal de ninguém; e se fizer juízo temerário, mortificar-me-ei à refeição”.
EXEMPLO
Em Amsterdam, a Liga do apostolado em 1892 propôs-se a trabalhar seriamente na obra da conversão dos pecadores. A Liga contra cerca de 500 jovens, que se reúnem todos os domingos: no dia do Natal rogaram elas com instância ao Sagrado Coração, que convertesse ao menos um pecador cada semana, e em curto prazo já se haviam convertido vinte e um. Cada associada reza, diariamente, uma “Ave Maria’ nessa intenção, e procuram, por toda a parte, os transviados; quando os acham, dão os nomes ao Diretor, que, sem os declinar, na reunião seguinte pede orações por eles e, em seu favor, se faz uma comunhão e o Padre anuncia que num dia determinado dirá a missa nessa intenção, convidando a comungarem nesse ato todas as que puderem, Se o pecador é da paróquia, o Padre vai procurá-lo; se de outra, avisa ao respectivo Pároco, a fim de que o disponha. Estas piedosas diligências têm sido até agora coroadas de êxito. Havia aqui uma mulher de 70 anos que não queria ouvir falar de Deus: estava em grande perigo de morte, e não queria deixar-se levar para o hospital, dirigido pelas Irmãs de Caridade; enfurecia-se, quando lhe falavam nisso. As associadas da Liga, querendo convertê-la, vão ao Diretor: “Padre, nada conseguimos; que se há de fazer?”— “Nós triunfaremos, ficai certas — respondeu ele— o Sagrado Coração nos ajudará. “Trazei-me aqui nove de vossas companheiras”. Chegadas estas, disse-lhes: “Começai uma novena com muito fervor; pedi a Nosso Senhor que a doente perca os sentidos, a fim de que se possa então transportá-la ao hospital”. A súplica foi ouvida e a pobre mulher veio para a companhia das irmãs. Mais tarde, volta a si e, vendo uma das Religiosas aos pés de seu leito, reúne todas as suas forças, salta ao chão e quer atirar-se pela janela; acode gente, conseguem contê-la e comunica-se o fato ao apostolado: este redobra as orações, e faz dizer uma missa na intenção, comungando nela 400 associadas. Não tardou o triunfo completo: quatorze dias depois, a pobre pecadora, transformada e recebendo os confortos religiosos, morria, com todas as disposições da mais piedosa cristã.
Sim, Jesus, eu vos prometo recitar, todos os dias, uma oração ao vosso Sagrado Coração; prometo-vos venerar as piedosas imagens que o representarem à minha devoção; prometo-vos espalhar o conhecimento desta devoção e propagá-la.
Sede a minha fortaleza, a minha alegria, a minha felicidade!
“Farei um ato de consagração ao Coração de Jesus”.
Ao Coração adorável de Jesus dou e consagro o meu corpo e a minha alma, a minha vida, os meus pensamentos, palavras, ações, dores e sofrimentos. Não me tornarei a servir de parte alguma do meu ser, que não seja para o amar, honrar e glorificar.
Tomo-vos, pois, ó divino Coração, por objeto do meu amor, protetor da minha vida, âncora da minha salvação, remédio das minhas inconstâncias, reparador dos meus defeitos, e seguro asilo na hora da morte.
Ó Coração cheio de bondade, sede a minha justificação para com Deus, e apartai de mim a sua justa cólera.
Ponho em vós toda a minha confiança, porquanto receio tudo de minha fraqueza, como tudo espero de vossa bondade. Aniquilai em mim tudo o que vos possa desagradar e resistir; imprimi-vos em meu coração, como um selo sagrado, para que jamais me possa esquecer de vós, e de vós ser separado. Isto vos peço por vossa infinita bondade: que o meu nome se inscreva em vós, que sois o livro da vida, e que façais de mim uma vítima consagrada inteiramente à vossa glória; que desde este momento seja eu abrasado e um dia inteiramente consumido pelas chamas do vosso amor; nisto consiste a minha dita, não tendo outra ambição senão a de morrer em vós e por vós.
Assim seja.
DIA 9
Julieta de Cobert, de uma nobre família da Vendéa, da qual nos dias da revolução francesa muitos membros subiram valorosamente ao cadafalso para não traírem sua fé e seu rei, foi um perfeito modelo de virtudes cristãs. Esposando, aos 22 anos, o marquês de Barol, entre as suas visitas e recepções de dever incluiu logo as dos pobres, indo procurá-los com a esmola nos mais miseráveis tugúrios e ensinando-lhes o caminho de seu palácio, para que se valessem dela nos vexames imprevistos. Um dia, ao atravessar a praça do Senado em Turim, quando passava o Sagrado Viático, desceu do carro e ajoelhou-se, ouvindo então um grito estridente: “Não é de Viático que preciso, é de sopa”. Olhou para o lado donde saía a voz, e viu as janelas gradeadas da Cadeia. Acompanhada do criado, lá foi para dar algumas moedas ao preso que parecia sofrer fome, a fim de que ele não mais blasfemasse. O mísero, porém, era um ímpio, que já estava a rir e cantar com os companheiros; ao verem aquela dama jovem, de porte calmo e grave, calaram-se e receberam com respeito o que lhes deu. Quis ver também o cárcere das mulheres, e mais triste foi aí sua impressão. Havendo na cidade uma Confraria de Misericórdia, que tinha como um dos seus fins socorrer os presos, Julieta se inscreveu nela e, não contente de levar-lhes víveres, empreendeu regenerá-los, particularmente as mulheres, entre as quais se demorava, instruindo-as e exortando-as, participando às vezes de sua grosseira refeição para lhes ganhar mais a confiança, de modo tal que operou uma admirável transformação no cárcere e conseguiu dos poderes públicos, além do apoio à sua empresa, a remoção da penitenciária para casa mais salubre e apropriada. Com o intuito de assegurar e ampliar o efeito deste seu trabalho regenerador, fundou também uma casa de refúgio e um convento de Madalenas, para as infelizes que voltavam à vida religiosa. “Que consolação, dizia ela, ver essas pobres purificarem-se do lodo e correrem como anjos que voltam para o céu!” Um dia, leu Julieta nos jornais que um pai desesperado pelos gemidos da filha, doente havia muito tempo, a suspendera do leito e lançara pela janela; foi o bastante para decidir-se a fundar um hospício para as crianças deformes e doentes, e depois um asilo para os meninos desvalidos, que instalou nas salas do seu próprio palácio. Em 1825, o cólera penetrou em Turim, e ainda ante essa pavorosa calamidade Julieta mostrou o heroísmo cristão. “O marido, narra o grande escritor católico Sílvio Pellico, veio uma vez ao posto de inspeção em que eu estava, e me disse consternado, que ela se expunha ao contágio, socorrendo, por suas mãos, os infelizes atacados. Logo que pude, saí a procurá-la, e a encontrei serena e incansável em sua tarefa, levando de casa em casa o conforto de sua palavra ou de medicina e sustento para combater o mal”. Debelado o flagelo, o governo conferia uma medalha de ouro à marquesa de Barol pelos serviços prestados. O seu prêmio, porém, ela queria de mais alto, e mais alto se inspirava para fazer o bem: esta sua ardente caridade ela a aprendia e alimentava no Coração de Jesus, a quem dizia: “Eu não sou mais do que uma fraca criatura, mas parece-me que vos amo com todas as minhas forças, e quero também que os outros vos conheçam e vos amem. Eu espero e posso tudo naquele que me fortalece”. Como o Coração do Divino Mestre, o da fiel serva se inclinava mais de pronto para os fracos, os padecentes e os desvalidos, porém, com isso não esqueceu o bem espiritual das classes elevadas, e lhes assegurou um esforço de sábias educadoras, fazendo virem da França as Damas do Sagrado Coração, a quem ofereceu, para se estabelecerem, a sua esplêndida quinta do Casino, perto da cidade. Quando a revolução no Piemonte perseguiu instituições católicas e baniu as Ordens religiosas a marquesa de Barol, por ter dado abrigo durante 24 horas ao Pe. Pellico, irmão do poeta, foi acusada de ter em sua casa um batalhão de jesuítas que se exercitavam nas armas, e denunciaram-na de roubar as crianças à família e prendê-las em seus asilos. Os revolucionários apinhavam-se à porta do palácio e ameaçavam pôr-lhe fogo; os amigos da marquesa aconselhavam-na a fugir. “Aconteça o que acontecer, lhes respondia ela, não sairei de Turim; não posso levar comigo meus 500 filhos, e devo ficar para lhes servir de mãe até o fim. Cortar-me-ão a cabeça, direis vós: é um caminho como qualquer outro para ir ao céu; Deus, que deu à minha avó a coragem de morrer no patíbulo, não ma recusará. Fico em meu posto”. E impávida continuou a fazer o bem, sem diminuir em nada a sua tarefa. Quando a velhice e enfermidade a prostraram, nem assim deixou de por si mesma inspirar e dirigir todas as suas obras, e dizia: “Paciência, é coisa bem indiferente o fazer a vontade de Deus horizontalmente no leito ou perpendicularmente de pé”. Acabou a vida, reclinando-se placidamente no Coração de Jesus com o santo pensamento de que fora a ele que visitara na pessoa dos presos, socorrera nos enfermos e amparara nos pobres.
Jesus defende Madalena
Madalena tinha sido pecadora, estava, porém, arrependida e chorava aos pés de Jesus. Não era preciso tanto para comover o coração do bom Mestre; não só perdoa, mas vede como ele toma a sua defesa contra os que, no fundo de seus corações, diziam: É uma pecadora.— “É mais amante do que vós, respondeu Jesus. Vim à vossa casa, não me destes água para meus pés, e ela mos há banhado com as suas lágrimas; não me destes o ósculo de paz, e ela não cessou de beijar-me os pés… Por isso eu lhe digo: Tudo vos é perdoado, ide em paz!”
Lição de misericórdia que eu jamais esquecerei, ó meu Deus! Talvez que aqueles que eu desprezo dentro do meu coração, e os que acuso, sejam mais queridos de Deus, porque o amem muito mais.
“Porei sumo cuidado em julgar o próximo, para não pensar mal de ninguém; e se fizer juízo temerário, mortificar-me-ei à refeição”.
EXEMPLO
Em Amsterdam, a Liga do apostolado em 1892 propôs-se a trabalhar seriamente na obra da conversão dos pecadores. A Liga contra cerca de 500 jovens, que se reúnem todos os domingos: no dia do Natal rogaram elas com instância ao Sagrado Coração, que convertesse ao menos um pecador cada semana, e em curto prazo já se haviam convertido vinte e um. Cada associada reza, diariamente, uma “Ave Maria’ nessa intenção, e procuram, por toda a parte, os transviados; quando os acham, dão os nomes ao Diretor, que, sem os declinar, na reunião seguinte pede orações por eles e, em seu favor, se faz uma comunhão e o Padre anuncia que num dia determinado dirá a missa nessa intenção, convidando a comungarem nesse ato todas as que puderem, Se o pecador é da paróquia, o Padre vai procurá-lo; se de outra, avisa ao respectivo Pároco, a fim de que o disponha. Estas piedosas diligências têm sido até agora coroadas de êxito. Havia aqui uma mulher de 70 anos que não queria ouvir falar de Deus: estava em grande perigo de morte, e não queria deixar-se levar para o hospital, dirigido pelas Irmãs de Caridade; enfurecia-se, quando lhe falavam nisso. As associadas da Liga, querendo convertê-la, vão ao Diretor: “Padre, nada conseguimos; que se há de fazer?”— “Nós triunfaremos, ficai certas — respondeu ele— o Sagrado Coração nos ajudará. “Trazei-me aqui nove de vossas companheiras”. Chegadas estas, disse-lhes: “Começai uma novena com muito fervor; pedi a Nosso Senhor que a doente perca os sentidos, a fim de que se possa então transportá-la ao hospital”. A súplica foi ouvida e a pobre mulher veio para a companhia das irmãs. Mais tarde, volta a si e, vendo uma das Religiosas aos pés de seu leito, reúne todas as suas forças, salta ao chão e quer atirar-se pela janela; acode gente, conseguem contê-la e comunica-se o fato ao apostolado: este redobra as orações, e faz dizer uma missa na intenção, comungando nela 400 associadas. Não tardou o triunfo completo: quatorze dias depois, a pobre pecadora, transformada e recebendo os confortos religiosos, morria, com todas as disposições da mais piedosa cristã.
CONSAGRAÇÃO AO CORAÇÃO DE JESUS
Sim, Jesus, eu vos prometo recitar, todos os dias, uma oração ao vosso Sagrado Coração; prometo-vos venerar as piedosas imagens que o representarem à minha devoção; prometo-vos espalhar o conhecimento desta devoção e propagá-la.
Sede a minha fortaleza, a minha alegria, a minha felicidade!
“Farei um ato de consagração ao Coração de Jesus”.
Ao Coração adorável de Jesus dou e consagro o meu corpo e a minha alma, a minha vida, os meus pensamentos, palavras, ações, dores e sofrimentos. Não me tornarei a servir de parte alguma do meu ser, que não seja para o amar, honrar e glorificar.
Tomo-vos, pois, ó divino Coração, por objeto do meu amor, protetor da minha vida, âncora da minha salvação, remédio das minhas inconstâncias, reparador dos meus defeitos, e seguro asilo na hora da morte.
Ó Coração cheio de bondade, sede a minha justificação para com Deus, e apartai de mim a sua justa cólera.
Ponho em vós toda a minha confiança, porquanto receio tudo de minha fraqueza, como tudo espero de vossa bondade. Aniquilai em mim tudo o que vos possa desagradar e resistir; imprimi-vos em meu coração, como um selo sagrado, para que jamais me possa esquecer de vós, e de vós ser separado. Isto vos peço por vossa infinita bondade: que o meu nome se inscreva em vós, que sois o livro da vida, e que façais de mim uma vítima consagrada inteiramente à vossa glória; que desde este momento seja eu abrasado e um dia inteiramente consumido pelas chamas do vosso amor; nisto consiste a minha dita, não tendo outra ambição senão a de morrer em vós e por vós.
Assim seja.
DIA 9
Julieta de Cobert, de uma nobre família da Vendéa, da qual nos dias da revolução francesa muitos membros subiram valorosamente ao cadafalso para não traírem sua fé e seu rei, foi um perfeito modelo de virtudes cristãs. Esposando, aos 22 anos, o marquês de Barol, entre as suas visitas e recepções de dever incluiu logo as dos pobres, indo procurá-los com a esmola nos mais miseráveis tugúrios e ensinando-lhes o caminho de seu palácio, para que se valessem dela nos vexames imprevistos. Um dia, ao atravessar a praça do Senado em Turim, quando passava o Sagrado Viático, desceu do carro e ajoelhou-se, ouvindo então um grito estridente: “Não é de Viático que preciso, é de sopa”. Olhou para o lado donde saía a voz, e viu as janelas gradeadas da Cadeia. Acompanhada do criado, lá foi para dar algumas moedas ao preso que parecia sofrer fome, a fim de que ele não mais blasfemasse. O mísero, porém, era um ímpio, que já estava a rir e cantar com os companheiros; ao verem aquela dama jovem, de porte calmo e grave, calaram-se e receberam com respeito o que lhes deu. Quis ver também o cárcere das mulheres, e mais triste foi aí sua impressão. Havendo na cidade uma Confraria de Misericórdia, que tinha como um dos seus fins socorrer os presos, Julieta se inscreveu nela e, não contente de levar-lhes víveres, empreendeu regenerá-los, particularmente as mulheres, entre as quais se demorava, instruindo-as e exortando-as, participando às vezes de sua grosseira refeição para lhes ganhar mais a confiança, de modo tal que operou uma admirável transformação no cárcere e conseguiu dos poderes públicos, além do apoio à sua empresa, a remoção da penitenciária para casa mais salubre e apropriada. Com o intuito de assegurar e ampliar o efeito deste seu trabalho regenerador, fundou também uma casa de refúgio e um convento de Madalenas, para as infelizes que voltavam à vida religiosa. “Que consolação, dizia ela, ver essas pobres purificarem-se do lodo e correrem como anjos que voltam para o céu!” Um dia, leu Julieta nos jornais que um pai desesperado pelos gemidos da filha, doente havia muito tempo, a suspendera do leito e lançara pela janela; foi o bastante para decidir-se a fundar um hospício para as crianças deformes e doentes, e depois um asilo para os meninos desvalidos, que instalou nas salas do seu próprio palácio. Em 1825, o cólera penetrou em Turim, e ainda ante essa pavorosa calamidade Julieta mostrou o heroísmo cristão. “O marido, narra o grande escritor católico Sílvio Pellico, veio uma vez ao posto de inspeção em que eu estava, e me disse consternado, que ela se expunha ao contágio, socorrendo, por suas mãos, os infelizes atacados. Logo que pude, saí a procurá-la, e a encontrei serena e incansável em sua tarefa, levando de casa em casa o conforto de sua palavra ou de medicina e sustento para combater o mal”. Debelado o flagelo, o governo conferia uma medalha de ouro à marquesa de Barol pelos serviços prestados. O seu prêmio, porém, ela queria de mais alto, e mais alto se inspirava para fazer o bem: esta sua ardente caridade ela a aprendia e alimentava no Coração de Jesus, a quem dizia: “Eu não sou mais do que uma fraca criatura, mas parece-me que vos amo com todas as minhas forças, e quero também que os outros vos conheçam e vos amem. Eu espero e posso tudo naquele que me fortalece”. Como o Coração do Divino Mestre, o da fiel serva se inclinava mais de pronto para os fracos, os padecentes e os desvalidos, porém, com isso não esqueceu o bem espiritual das classes elevadas, e lhes assegurou um esforço de sábias educadoras, fazendo virem da França as Damas do Sagrado Coração, a quem ofereceu, para se estabelecerem, a sua esplêndida quinta do Casino, perto da cidade. Quando a revolução no Piemonte perseguiu instituições católicas e baniu as Ordens religiosas a marquesa de Barol, por ter dado abrigo durante 24 horas ao Pe. Pellico, irmão do poeta, foi acusada de ter em sua casa um batalhão de jesuítas que se exercitavam nas armas, e denunciaram-na de roubar as crianças à família e prendê-las em seus asilos. Os revolucionários apinhavam-se à porta do palácio e ameaçavam pôr-lhe fogo; os amigos da marquesa aconselhavam-na a fugir. “Aconteça o que acontecer, lhes respondia ela, não sairei de Turim; não posso levar comigo meus 500 filhos, e devo ficar para lhes servir de mãe até o fim. Cortar-me-ão a cabeça, direis vós: é um caminho como qualquer outro para ir ao céu; Deus, que deu à minha avó a coragem de morrer no patíbulo, não ma recusará. Fico em meu posto”. E impávida continuou a fazer o bem, sem diminuir em nada a sua tarefa. Quando a velhice e enfermidade a prostraram, nem assim deixou de por si mesma inspirar e dirigir todas as suas obras, e dizia: “Paciência, é coisa bem indiferente o fazer a vontade de Deus horizontalmente no leito ou perpendicularmente de pé”. Acabou a vida, reclinando-se placidamente no Coração de Jesus com o santo pensamento de que fora a ele que visitara na pessoa dos presos, socorrera nos enfermos e amparara nos pobres.
Mês do Sagrado Coração de Jesus. Mons. Dr. José Basílio Pereira. Editora Mensageiro da Fé. Fortaleza. 1962. Fonte.
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