MÊS DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS
(7 anos e 7 quarentenas de indulgência cada dia e uma indulgência plenária no fim.)ORDEM DO EXERCÍCIO COTIDIANO
Invocação do Espírito Santo
Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fieis e acendei neles o fogo do vosso amor.
V. — Enviai o vosso Espírito e tudo será criado.
R. — E renovareis a face da terra.
ORAÇÃO
Deus, que esclarecestes os corações de vossos fieis com as luzes do Espírito Santo, concedei-nos, por esse mesmo Espírito, conhecer e amar o bem e gozar sempre de suas divinas consolações. Por Jesus Cristo Nosso Senhor. Amém.
Oração preparatória
(100 dias de indulgência — Leão XIII, indulto de 10 de dezembro de 1885).
Senhor Jesus Cristo, unindo-me à divina intenção com que na terra pelo vosso Coração Sacratíssimo rendestes louvores a Deus e ainda agora os rendeis de contínuo e em todo o mundo no Santíssimo Sacramento da Eucaristia até a consumação dos séculos, eu vos ofereço por este dia inteiro, sem exceção de um instante, à imitação do Sagrado Coração da Bem aventurada Maria sempre Virgem Imaculada, todas as minhas intenções e pensamentos, todos os meus afetos e desejos, todas as minhas obras e palavras. Amém.
Lê-se a intenção própria do dia, recitando em sua conformidade um Pai Nosso, Ave Maria e Glória, e a jaculatória: Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais.
Em seguida, a Meditação correspondente ao dia e, depois, a Ladainha do Sagrado Coração.
LADAINHA DO SAGRADO CORAÇÃOSenhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Deus Pai dos céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo, tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, Filho do Pai Eterno, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, formado pelo Espirito Santo no seio da Virgem Mãe, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, unido substancialmente ao Verbo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de majestade infinita, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, templo santo de Deus, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, tabernáculo do Altíssimo, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, casa de Deus e porta do céu, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fornalha ardente de caridade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, receptáculo de justiça e amor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, abismo de todas as virtudes, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, digníssimo de todo o louvor, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, rei e centro de todos os corações, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual estão todos os tesouros da sabedoria e ciência, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, no qual o Pai celeste põe as suas complacências, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, de cuja plenitude nós todos participamos, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, desejo das colinas eternas, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, paciente e misericordioso, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, rico para todos os que vos invocam, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de vida e santidade, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, propiciação para os nossos pecados, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, saturado de opróbios, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, atribulado por causa de nossos crimes, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, feito obediente até a morte, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, atravessado pela lança, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, fonte de toda a consolação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa vida e ressurreição, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, nossa paz e reconciliação, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, vítima dos pecadores, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, salvação dos que em vós esperam, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, esperança dos que em vós expiram, tende piedade de nós.
Coração de Jesus, delícia de todos os Santos, tende piedade de nós.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.
V. — Jesus, manso e humilde de coração,
R. — Fazei o nosso coração semelhante ao vosso.
ORAÇÃO
Onipotente e sempiterno Deus, olhai para o Coração de vosso diletíssimo Filho e para os louvores e satisfações que ele vos tributa em nome dos pecadores, e àqueles que invocam vossa misericórdia, concedei benigno o perdão, em nome do mesmo Jesus Cristo, vosso Filho, que convosco vive e reina juntamente com o Espírito Santo por todos os séculos dos séculos. Amém.
Para concluir, a seguinte fórmula de consagração
Recebei, Senhor, minha liberdade inteira. Aceitai a memória, a inteligência e a vontade do vosso servo. Tudo o que tenho ou possuo, vós mo concedestes, e eu vo-lo restituo e entrego inteiramente à vossa vontade para que o empregueis. Dai-me só vosso amor e vossa graça, e serei bastante rico e nada mais vos solicitarei.
(300 dias de indulgência. Leão XIII, Decreto de 28 de maio de 1887).
Doce Coração de Jesus, sede meu amor.
(300 dias — Pio IX).
Doce Coração de Maria, sede a minha salvação.
(300 dias — Pio IX).
DÉCIMO NONO DIA
Oremos pelo Santo Padre. Pai Nosso, Ave Maria, Glória e a jaculatória: “Coração de Jesus, que tanto nos amais, fazei que vos amemos cada dia mais”.
A Igreja não perecerá jamais: debalde as portas do inferno vomitam contra ela legiões infernais; debalde a má imprensa espalhará as suas calúnias; a Igreja resistirá até a consumação dos séculos. É um artigo de fé, o temor a esse respeito seria uma falta.
Mas se a Igreja não pode perecer, pode sofrer, e sofre… Sofre na pessoa de seu “chefe”, o Papa, cuja autoridade é desconhecida; sofre em seus “membros”, os fiéis perseguidos; em seus “mandamentos” desprezados… Oh! como Jesus me alegraria de vos ver algumas vezes de joelhos, diante do SS. Sacramento, pedindo-lhe a paz da Igreja e impondo-vos, nessa intenção, algumas pequenas privações”.
“Pedirei, com mais fervor, em minhas orações, o triunfo completo da Igreja”.
EXEMPLO
O Pe. Romano Hinderer, alsaciano, que recebeu o batismo em 1668, o ano em que se erigiu em Coutances, Normandia, a primeira igreja pública dedicada ao Coração de Jesus, foi como escreve um seu discípulo, senão o primeiro, ao menos o mais feliz propagador desta devoção na China. Enviado para a província de Tchékiang, dentro em pouco erigiu na capital (Hangtcheou) o primeiro templo que a China possuiu sob a referida invocação, e não tardou a ser testemunha de uma proteção miraculosa obtida por ela: um incêndio voraz se ateara numa aldeia próxima, e devorara quarteirões inteiros. Os habitantes, infiéis na maior parte, corriam às ruas desorientados, clamando por seus ídolos: entre eles havia um cristão muito pobre, cuja casa se achava entre as dos infiéis, e ele pede a Deus que se compadeça de sua miséria. O incêndio prossegue e arde já a casa vizinha à do cristão; mas, de repente, as chamas passam sobre ela, respeitando-a, e vão queimar as dos outros, reduzindo-as a cinza. Um grande número de pagãos converteu-se logo diante do prodígio. Sucederam-se outros; na aldeia de Kin-kin-kias, estavam reunidos os neófitos e oravam sob um desses alpendres que são o oratório dos camponeses chins, quando apareceu no céu sobre o teto de colmo, uma cruz luminosa, cercada de uma auréola de nuvens brilhantes, que deixava em torno um campo azul semeado de estrelas. Ao clarão, que parecia o de um incêndio, acudiram os pagãos: a cruz pairou, durante um quarto de hora, em seu nimbo de fogo, e depois desapareceu, deixando infiéis e cristãos maravilhados. Em 1722, no dia 24 do mês consagrado ao Coração de Jesus, sobre a sua igreja em Hangtcheou, desenhou-se novamente no céu a cruz luminosa, futurando pelo tempo de meia hora; o povo todo a viu, e se fizeram desenhos dela, que foram gravados e distribuídos no Império chinês e na Europa. Pela invocação do Sagrado Coração, obteve o Pe. Romano a graça de curas miraculosas, e escapou incólume a várias perseguições que a Igreja sofreu na China, durante os 37 anos em que aí missionou; e ao morrer, em seus 77 anos de idade, tendo arrancado ao paganismo mais de cem mil almas a quem ensinava tão santa devoção, dizia ele ainda cheio de confiança: “É pela devoção ao Coração de Jesus que a missão na China não se conservará, mas há de se elevar muito”.
Sim, Jesus, eu vos prometo recitar, todos os dias, uma oração ao vosso Sagrado Coração; prometo-vos venerar as piedosas imagens que o representarem à minha devoção; prometo-vos espalhar o conhecimento desta devoção e propagá-la.
Sede a minha fortaleza, a minha alegria, a minha felicidade!
“Farei um ato de consagração ao Coração de Jesus”.
Ao Coração adorável de Jesus dou e consagro o meu corpo e a minha alma, a minha vida, os meus pensamentos, palavras, ações, dores e sofrimentos. Não me tornarei a servir de parte alguma do meu ser, que não seja para o amar, honrar e glorificar.
Tomo-vos, pois, ó divino Coração, por objeto do meu amor, protetor da minha vida, âncora da minha salvação, remédio das minhas inconstâncias, reparador dos meus defeitos, e seguro asilo na hora da morte.
Ó Coração cheio de bondade, sede a minha justificação para com Deus, e apartai de mim a sua justa cólera.
Ponho em vós toda a minha confiança, porquanto receio tudo de minha fraqueza, como tudo espero de vossa bondade. Aniquilai em mim tudo o que vos possa desagradar e resistir; imprimi-vos em meu coração, como um selo sagrado, para que jamais me possa esquecer de vós, e de vós ser separado. Isto vos peço por vossa infinita bondade: que o meu nome se inscreva em vós, que sois o livro da vida, e que façais de mim uma vítima consagrada inteiramente à vossa glória; que desde este momento seja eu abrasado e um dia inteiramente consumido pelas chamas do vosso amor; nisto consiste a minha dita, não tendo outra ambição senão a de morrer em vós e por vós.
Assim seja.
DIA 19
Quando desapareceu dentre os vivos o almirante Coubert, pranteou-o em França o mundo literário pela pena de um dos mais notáveis escritores, Pierre Loti, e a sociedade cristã pela palavra de um dos mais eloquentes oradores sacros, Mons. Freppel. E bem o merecia, porque havia sido um herói e um justo. No tempo em que vivemos, dizia o almirante Julien de la Gravière, ele pode ser apontado aos nossos jovens oficiais como o melhor e mais completo modelo no caminho do patriotismo e da honra. Coubert reunia ao cabedal científico essa paciência operosa que atende às coisas no seu conjunto e nos detalhes, e possuía o sentimento de justiça que com a bondade d’alma granjeia ao chefe a afeição de seus subordinados. Ele deu sempre às equipagens o exemplo de uma fé sincera e viva: os capelães de armada atestaram todos, verdadeiramente edificados, a piedade e recolhimento com que assistia à Missa, acompanhando no “Manual do Cristão” os atos e as orações da liturgia. Quando foi decretada em França a expulsão das Congregações religiosas, sendo ele nomeado governador da Nova Caledônia, declarou ao ministro: “Entrando para a armada, fiz o sacrifício da minha vida, não o de minha honra. Sou católico. Se contais comigo para executar os decretos, estais enganado. Procurai algum mais complacente”. E só aceitou o cargo, depois que o ministro lhe respondeu: “Não se trata agora de decretos, sois preciso lá, parti”. E enquanto ocupou esse posto, Coubert defendeu corajosamente as Congregações contra a perseguição dos sectários e dos maus, e a respeito deles escrevia: “Na praça pública e como traidores da França se deveriam castigar os que estorvam a ação dos nossos missionários”. Ao deixar o cargo, anunciava também: “Antes de partir de Numea, tive a alegria de favorecer e autorizar a fundação de uma sociedade de boas pessoas, cujo fim é manter e desenvolver as escolas congreganistas. Numa semana se reuniram os capitais necessários”.
Aberta a guerra da França com o Tonkin, teve Coubert o comando das operações e ganhou assinaladas vitórias: porém nesse caminho de glórias o prostrou uma enfermidade mortal, que ele sofreu até a última hora como verdadeiro cristão, pedindo e recebendo os sacramentos, e apertando ao peito o crucifixo. Coubert fora, em toda a sua vida, um adorador fervoroso do Sagrado Coração. Subscrevera “em nome de sua esquadra” uma avultada quantia para a construção da igreja do “Voto Nacional”, enviava-lhe anualmente o seu óbulo, e quis que após a sua morte sua gloriosa espada e as condecorações com que foi distinguido se depositassem na capela que a marinha católica erigiu no grande santuário.
O quinto desejo do Coração de Jesus
é o triunfo completo da Igreja
A Igreja não perecerá jamais: debalde as portas do inferno vomitam contra ela legiões infernais; debalde a má imprensa espalhará as suas calúnias; a Igreja resistirá até a consumação dos séculos. É um artigo de fé, o temor a esse respeito seria uma falta.
Mas se a Igreja não pode perecer, pode sofrer, e sofre… Sofre na pessoa de seu “chefe”, o Papa, cuja autoridade é desconhecida; sofre em seus “membros”, os fiéis perseguidos; em seus “mandamentos” desprezados… Oh! como Jesus me alegraria de vos ver algumas vezes de joelhos, diante do SS. Sacramento, pedindo-lhe a paz da Igreja e impondo-vos, nessa intenção, algumas pequenas privações”.
“Pedirei, com mais fervor, em minhas orações, o triunfo completo da Igreja”.
EXEMPLO
O Pe. Romano Hinderer, alsaciano, que recebeu o batismo em 1668, o ano em que se erigiu em Coutances, Normandia, a primeira igreja pública dedicada ao Coração de Jesus, foi como escreve um seu discípulo, senão o primeiro, ao menos o mais feliz propagador desta devoção na China. Enviado para a província de Tchékiang, dentro em pouco erigiu na capital (Hangtcheou) o primeiro templo que a China possuiu sob a referida invocação, e não tardou a ser testemunha de uma proteção miraculosa obtida por ela: um incêndio voraz se ateara numa aldeia próxima, e devorara quarteirões inteiros. Os habitantes, infiéis na maior parte, corriam às ruas desorientados, clamando por seus ídolos: entre eles havia um cristão muito pobre, cuja casa se achava entre as dos infiéis, e ele pede a Deus que se compadeça de sua miséria. O incêndio prossegue e arde já a casa vizinha à do cristão; mas, de repente, as chamas passam sobre ela, respeitando-a, e vão queimar as dos outros, reduzindo-as a cinza. Um grande número de pagãos converteu-se logo diante do prodígio. Sucederam-se outros; na aldeia de Kin-kin-kias, estavam reunidos os neófitos e oravam sob um desses alpendres que são o oratório dos camponeses chins, quando apareceu no céu sobre o teto de colmo, uma cruz luminosa, cercada de uma auréola de nuvens brilhantes, que deixava em torno um campo azul semeado de estrelas. Ao clarão, que parecia o de um incêndio, acudiram os pagãos: a cruz pairou, durante um quarto de hora, em seu nimbo de fogo, e depois desapareceu, deixando infiéis e cristãos maravilhados. Em 1722, no dia 24 do mês consagrado ao Coração de Jesus, sobre a sua igreja em Hangtcheou, desenhou-se novamente no céu a cruz luminosa, futurando pelo tempo de meia hora; o povo todo a viu, e se fizeram desenhos dela, que foram gravados e distribuídos no Império chinês e na Europa. Pela invocação do Sagrado Coração, obteve o Pe. Romano a graça de curas miraculosas, e escapou incólume a várias perseguições que a Igreja sofreu na China, durante os 37 anos em que aí missionou; e ao morrer, em seus 77 anos de idade, tendo arrancado ao paganismo mais de cem mil almas a quem ensinava tão santa devoção, dizia ele ainda cheio de confiança: “É pela devoção ao Coração de Jesus que a missão na China não se conservará, mas há de se elevar muito”.
CONSAGRAÇÃO AO CORAÇÃO DE JESUS
Sim, Jesus, eu vos prometo recitar, todos os dias, uma oração ao vosso Sagrado Coração; prometo-vos venerar as piedosas imagens que o representarem à minha devoção; prometo-vos espalhar o conhecimento desta devoção e propagá-la.
Sede a minha fortaleza, a minha alegria, a minha felicidade!
“Farei um ato de consagração ao Coração de Jesus”.
Ao Coração adorável de Jesus dou e consagro o meu corpo e a minha alma, a minha vida, os meus pensamentos, palavras, ações, dores e sofrimentos. Não me tornarei a servir de parte alguma do meu ser, que não seja para o amar, honrar e glorificar.
Tomo-vos, pois, ó divino Coração, por objeto do meu amor, protetor da minha vida, âncora da minha salvação, remédio das minhas inconstâncias, reparador dos meus defeitos, e seguro asilo na hora da morte.
Ó Coração cheio de bondade, sede a minha justificação para com Deus, e apartai de mim a sua justa cólera.
Ponho em vós toda a minha confiança, porquanto receio tudo de minha fraqueza, como tudo espero de vossa bondade. Aniquilai em mim tudo o que vos possa desagradar e resistir; imprimi-vos em meu coração, como um selo sagrado, para que jamais me possa esquecer de vós, e de vós ser separado. Isto vos peço por vossa infinita bondade: que o meu nome se inscreva em vós, que sois o livro da vida, e que façais de mim uma vítima consagrada inteiramente à vossa glória; que desde este momento seja eu abrasado e um dia inteiramente consumido pelas chamas do vosso amor; nisto consiste a minha dita, não tendo outra ambição senão a de morrer em vós e por vós.
Assim seja.
DIA 19
Quando desapareceu dentre os vivos o almirante Coubert, pranteou-o em França o mundo literário pela pena de um dos mais notáveis escritores, Pierre Loti, e a sociedade cristã pela palavra de um dos mais eloquentes oradores sacros, Mons. Freppel. E bem o merecia, porque havia sido um herói e um justo. No tempo em que vivemos, dizia o almirante Julien de la Gravière, ele pode ser apontado aos nossos jovens oficiais como o melhor e mais completo modelo no caminho do patriotismo e da honra. Coubert reunia ao cabedal científico essa paciência operosa que atende às coisas no seu conjunto e nos detalhes, e possuía o sentimento de justiça que com a bondade d’alma granjeia ao chefe a afeição de seus subordinados. Ele deu sempre às equipagens o exemplo de uma fé sincera e viva: os capelães de armada atestaram todos, verdadeiramente edificados, a piedade e recolhimento com que assistia à Missa, acompanhando no “Manual do Cristão” os atos e as orações da liturgia. Quando foi decretada em França a expulsão das Congregações religiosas, sendo ele nomeado governador da Nova Caledônia, declarou ao ministro: “Entrando para a armada, fiz o sacrifício da minha vida, não o de minha honra. Sou católico. Se contais comigo para executar os decretos, estais enganado. Procurai algum mais complacente”. E só aceitou o cargo, depois que o ministro lhe respondeu: “Não se trata agora de decretos, sois preciso lá, parti”. E enquanto ocupou esse posto, Coubert defendeu corajosamente as Congregações contra a perseguição dos sectários e dos maus, e a respeito deles escrevia: “Na praça pública e como traidores da França se deveriam castigar os que estorvam a ação dos nossos missionários”. Ao deixar o cargo, anunciava também: “Antes de partir de Numea, tive a alegria de favorecer e autorizar a fundação de uma sociedade de boas pessoas, cujo fim é manter e desenvolver as escolas congreganistas. Numa semana se reuniram os capitais necessários”.
Aberta a guerra da França com o Tonkin, teve Coubert o comando das operações e ganhou assinaladas vitórias: porém nesse caminho de glórias o prostrou uma enfermidade mortal, que ele sofreu até a última hora como verdadeiro cristão, pedindo e recebendo os sacramentos, e apertando ao peito o crucifixo. Coubert fora, em toda a sua vida, um adorador fervoroso do Sagrado Coração. Subscrevera “em nome de sua esquadra” uma avultada quantia para a construção da igreja do “Voto Nacional”, enviava-lhe anualmente o seu óbulo, e quis que após a sua morte sua gloriosa espada e as condecorações com que foi distinguido se depositassem na capela que a marinha católica erigiu no grande santuário.
Mês do Sagrado Coração de Jesus. Mons. Dr. José Basílio Pereira. Editora Mensageiro da Fé. Fortaleza. 1962. Fonte.
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